1 de junho de 2014

PENHASCOS



Nei Duclós

Fomos expulsos do fundo do mar
pelos primeiros vulcões, já extintos
Penhascos, permanecemos à tona
separados por algas e precipícios

Não nos correspondemos na solidão
de montanhas em Marte, pontuada
por pedras imobilizadas em pânico
Nenhum musgo medra nas paredes

O que temos em comum são os corais
que nos cercam em afiadas porcelanas
e peixes zebrados como presidiários
além das águias, pousadas nos topos

Não porque façam ninhos, mas por hábito
de combinar a aridez das asas e dos voos
Espécie de código na mudez de conchas
dividida entre pássaros que não cantam

Somos sinais de um impossível destino
prontos para o fim em nossa gênese
sóbrios gigantes a assombrar o tempo
sentinelas convictos de seu espanto