Nei Duclós
É o corpo que desenha o tempo
décadas de espólios, perna prudente
um rosto a corrigir o espelho
O gesto em câmara lenta
a vida em vasos comunicantes
a conversa acumulada no silêncio
A pele concretiza o rolar dos anos
humano relógio sem comedimento
o risco de não ser mais o mesmo
A estrada dobrada como um lenço
palavras repetidas, versos românticos
o sonho, de tão antigo, permanece
O futuro se desmascara, imã de vento
destino é soma, nunca o desfecho
presença, presente que o amor sonha
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Eugene de Blaas