Nei Duclós
Sob uma só bandeira, a do Brasil, a massa de indivíduos pode
manifestar livremente sua diversidade de indignação. Só a nação soberana
garante a liberdade de expressão
Patriotismo não é patriotada. Não é celebração oportunista
de privilégios e sim a identificação com a necessidade de sobrevivência num
território soberano
Sem partido
significa zerar o sistema partidário que sustenta a atual ditadura e refazer o
tecido republicano hoje contaminado pela corrupção
Acusam os sem partido de fascistas, mas o fascismo era um
movimento de um só partido, a exemplo da tendência do poder atual do Brasil.
Velhos fantasmas do passado foram revolvidos diante da
explosão do novo nas ruas. Fala-se na iminência da “volta” de um golpe de 64,
mas dele ainda não saímos
A falsa democracia é o regime de 1964 consolidado e
legitimado. Daí vem a fúria da massa contra a traição às mobilizações que
exigiram eleições diretas
A participação política da mocidade nas ruas, depois de ter
sido caluniada de alienação e identificada com as drogas e o crime, é o grande
impacto do movimento
“Verás que um filho teu não foge a luta”: sempre tem um
verso do grande poema fundador de Osorio Duque Estrada para expressar o país
que se afirma.
Os filhos são a nova geração, que nos surpreenderam com sua
força e grandeza e nos devolveram o mais precioso dos bens: a esperança.
O movimento fez o balanço das inúmeras reivindicações. Mas a luta sob uma só bandeira tem um rosto: é contra a ditadura do sistema político que traiu o espírito republicano..
A massa na rua significa a massa de eleitores marginalizados pela política oficial, que impõe o voto obrigatório, a urna eletrônica suspeita e a repetição de quadros.
A ditadura só funciona por meio da corrupção. Lutar contra a corrupção é desatar o nó do funcionamento do sistema. É abrir um claro na agenda do país tornado insurgente.
RETORNO - Imagem desta edição: foto G1.
RETORNO - Imagem desta edição: foto G1.