9 de fevereiro de 2012

ALVORADA


Nei Duclós

Todo dia o poema é deserto
não tem portas nem jardins
nem habitantes ou pérgulas
Sopra o siroco mau por perto

Verso é design de arquiteto
paisagista amador de concreto
pedreiro de nuvens, solo de insetos
Verbo é chuva de remotas terras

Soneto é como João de barro
construtor de um abrigo sem glória
os predadores atacam como loucos

Tudo por um fio até que despertas
e levantas o busto no lençol revolto
Voa então meu coração de poeta


RETORNO – Imagem desta edição: obra de Władysław Czachórski.

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