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Nei Duclós
Acabou. Não ficou nem a sujeira.
O último gari limpou o suspiro
que insistia em se juntar ao resto.
Não me acorde amanhã, realejo.
São jóias que te dei, esses versos.
Por que devolves? O que fazer com eles?
Não cabem em mim, não me pertencem.
Guarde no quarto de despejo
Vou visitar os lugares onde fomos felizes.
O lago com barco de um só remo
que ficava meio troncho na hora do beijo
O banco molhado de sereno
Sei que não virás mais, mas estou a passeio
Recolho o coração aos pedaços
são folhas de um sentimento partido ao meio
que até os pássaros recusam quando brincam
Nada mais recordo, só o momento extremo
em que o adeus aconteceu por um acaso
Nós dois em frente ao mar, imensa lágrima
e nossas mãos afastadas pelo pânico
RETORNO – Imagem desta edição: obra de Frederik Leighton.
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