Lembrei de tu quand9 havia tempo
E pescavamos no rio que hoje eh uma avenida
Fechei o cerco da vida sobre ti
Sobrevivi
Fisgado para sempre pelo rompimento que se abateu em mim
Nei Duclós
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Lembrei de tu quand9 havia tempo
E pescavamos no rio que hoje eh uma avenida
Fechei o cerco da vida sobre ti
Sobrevivi
Fisgado para sempre pelo rompimento que se abateu em mim
Nei Duclós
A biografia perde substância
E vira uma resma de papel
Diante da vassoura
Encontras enfim a verdade
E ela também não tem valor
O que vale eh ter nascido implume
Entte espinhos
E aprendido a voar
A toa
Nei Duclós
Já tomei o meu remédio
Já fiz minha oração
Deitei agora na cama
Do quarto a meia luz
Ainda tenho esperança
Estrela que me carrega
O coração não sossega
Teu rosto na escuridão
O sentimento me cega
Sabe que não tem razão
Debaixo de mil cobertas
V8ajo em tua direção
Nei Duclós
Claro que podes me trocar por outro amor
Não vou interferir
Com gritos ou silencio
Serei tua oculta dor
Flor sem serventia
Cacto no jardim
Lembrarás de mim
Quando a chuva torrencial
Inundar teu leito nupcial
Nei Duclós
Não tenho mais poesia para te oferecer
Ultrapassei a cota
E da tua fuga restou este amargo amor sem futuro
Que se mistura aos restos de peixe nas dunas
Es a barca que vislumbro da praia
Rumo ao esquecimento
Mas tenho a memória do teu corpo
Em meus braços vazios
Nei Duclós
s
A dor que sinto não eh fingimento
Eh um fato, e não consenso
Depende da posição
de quem esta fora ou dentro
Não repetir palavras em tantos poemas
Ser sincero
Dizer para valer na contracorrente
Ter desvantagem em alto preço
Mesmo que doa
Nos nervos do verso
Nei Duclós
Trago de outras vidas
Os mistérios e as dúvidas
Os dons e as dividas
A vocação lírica
A flor da poesia
Nascemos prontos na fabrica divina
Como fruto vindo da flor
Óbvia disciplina
Nei Duclós
Tomei café na hora certa
Antes da aurora
Quando o sol oculto espia pela porta
E o corpo precisa de uma sacudida
Enquanto dormes
No coração dos pássaros
Nei Duclós
Nei Duclós
Estão todos presos
Por não confirmarem meu pessimismo
Pela surpresa solidária no abismo
Quando eu menos esperava
No mundo em carne viva
Estão todos presos
Na cadeia de amor que eu não via
Por achar que tudo estava perdido
O sol o mar a saude a vida
Enquanto vocês pacientemente construíam
Um novo lugar chamado convite
Venha, me disseram
Somos teus amigos, tuas amigas
Por isso prendo cada um(a) de vocês
Abuso de esperança
No meu coração e no meu espirito
Nei Duclós
Não toca em você meu desejo
Estás acima em cenário de deusa
Não por ser inacessível, remota estrela
Mas porque pões no chinelo
O que posso ser como teu amante
Estou sem a fonte do poema que por sorte
Poderá te trazer, divina mestra
Do amor que desperdiço
Meu anônimo lixo
Recolhido pela Lua
Que avisou: eu não te disse?
Nei Duclós
Nei Duclos
Declarei ⁷meu amor, mas não devia
Melhor ficar só na minha
Estalagmite
Que na gruta pende em riste do teto para o piso coberto
de ametistas que são minhas lágrimas de esmeraldas
Pelo tempo transcorrido
Felicidade e medo sem sossego
Vento frio no corpo tímido
Nei Duclos
Poucas pessoas me sustentam
Não ando no andor, não ocupo templo
Vivo do que sou, E do que faço me alimento
Chamam de poema, mas é ao certo
Oração da alma em comunhão com o Tempo
Tenho essa missão, que trago de berço
Mãe católica e pai da pesca
Numa cidade que gerou o pampa
E tem busto de bronze de poetas na praça
Dos conterrâneos sou exemplar avulso
Cedo migrei para muito longe
Aqui mesmo, onde o coração é ponte
Volto menino em corpo veterano
Às calçadas que desaguam no rio
A natureza é minha fonte
A palavra, o que me alça voo
Nei Duclós
Tudo mudou.
Menos nós,
pedras lisas na beira do rio do tempo
Nas enchentes, peixes e sereias nos visitam
Passando suas linguas furta-cor
Em nossa pele de alabastro
Depois brilhamos ao sol
Aguardando os pés das moças do subúrbio
Nei Duclós
Se puede morir quantas veces se quiera
Cuando se esta vivo, por motivo qualquiera
En las canciones o la literatura
En la mesa de bar o en amores perdidos
Pero siempre habra la vantaja
de tales emociones salir vivo
Eso no sirve si la muerte misma
Dale su mortal golpe en la vida
No se puede llorar como se llora
Antes de un café
No se puede morir sin vivir el peligro
De la pura muerte
De la muerte misma
Nei Duclós
Naquele tempo a terra era plana
Forma necessária para sustentar os gigantes
Que eram a imagem e semelhança de Deus
Os gigantes viviam mil anos
Como revela a Bíblia sobre a idade de Adão
Tinham tempo para formatar montanhas e deslizar cachoeiras eternas em pedras lisas para os banhistas
Fizeram templos e monumentos
Pirâmides e esfinges
Tinham tanto poder que desafiaram o Criador
Construindo a torre de Babel, o Hmalaia
Por isso foram destruídos
E substituídos por nós
Que moramos numa esfera
Para não nos sentir tão seguros
Nei Duclós
É prudente o passo que reatamos
Ainda não é laço, mas lasseou a ruptura
Azeitar o contorno de ser mais próximo
Contornar a herança deste exilio
Não repetir os erros, baixar a guarda
Lembrar o leve toque entre os dedos
Único vínculo que não é um fardo
Servir de ponte quando a dor inunda
Passear no campo, com os personagens
deste oficio insano, a literatura
Farejar a flor que morre no crepúsculo
Dar-se as mãos, sonhando com o futuro
Nei Duclós
Depois de uma cerveja Deus criou o mundo
Começou com o bar e fez a rua
O bairro suspeito, o casario decente
O centro com igreja e tudo
Quando o mundo ficou pronto ele descanso num banco de praça
Que tinha esquecido de criar
Mas os anjos cuidaram de colocar canteiros
E estátuas bebedouro balanço gangorra e um espaço de areia para crianças
Jamais ocorrera a Deus, boêmio
Que o mundo teria praça
Para saudar o sol
E curar a ressaca da cerveja
Nei Duclós
Propor charadas para capturar a essência do poema
Não passa de medo de expor-se
Diante da nudez da palavra
E sentir vergonha alheia como se ela fosse tua amante feia
Não chute a palavra
Que ela é feita de pedra
E a única coisa capaz de decifarr os segredos da tua vanguarda
Que é celebrada como se não precisassem da letra e de todo o impulso silábico
Nei Duclós
Confinado no tempo e no espaço
Por idade, complicações, cansaço
Não abro mão da claridade
Minha poção de cura, a cultura
Que cultivo por tradição e liberdade
Por amor, eu diria, por força de hábito
O coração é fogo, iluminação
Contra a escuridão covarde
Nei Duclós
Por aqui passou o poema
Como vassoura de palha
Deixou estrias no piso
Forçou a porta de entrada
Veio de longe o poema
Do tempo da esferográfica
Da praia em verões da lata
Das mãos mendigas da praça
Cadernos espiralados
E de sonhos
Que já não restam
Passou por aqui, poucas marcas
Revelam sua passagem
A não ser alguns garranchos
Nas paredes da tapera
L
Nei Duclós
Só a mim diz respeito
Os erros que cometi
E não foram poucos
Talvez só eu lembre
O Mal com que atingi
Pessoas próximas e distantes
Essa coleção de desacertos
Que desenham meus remendos
Mas quando me encontro
Com algum contemporaneo
Passamos a borracha
Amores feridos humanos
Memórias flexíveis
Que cabem em nosso vasto coração de abandonos
Nei Duclós
Faço tudo cedo
Café banho poema
Não tenho pressa nem medo
Apenas cumpro a agenda
Escrita pela experiência
Quem for mais moço ompreendo
Deixar tudo por fazer
Já fui assim, mas confesso
Que prefiro ganhar tempo
Para estar pronto, liberto
E aguardar que a fortuna
Para entrar peça licença
E note no meu asseio
O dia acertando o passo
Nei Duclós
Provo a maçã de natural promessa
Devo confiar até na casca
Não há veneno apenas fruta
Imagino a safra
Até chegar à minha mesa
Águas de intensa clareza
Molham as macieiras
Mãos de aprendizes
Colhem no ar a doce e vermelha porção da natureza
Mordo a polpa mais perfeita
Sou o alvo dessa prece
Que a terra entre estações inventa
Nei Duclós
Nei Duclós
Hora de levantar acampamento
Neste .momento de guerra
Quem dera fosse uma pescaria
Em que juntar as tralhas era volar para casa
Com as lições de desconforto do pai
Ferindo os pés
Enquanto nos dirigiamos para as mãos da mãe
Agora é batalha
Os pais se foram junto com o País.
Eu faço a mochila juntando as cartas do meu camarada para a família
Não há correio no front
E um tiro selou seu destino
Carreguei-o até a beira deste rio
E sepultei-o entre as pedras
Se eu sobreviver
Serei carteiro de um herói
Recebido com lágrimas
Pelos que perderam um filho
Nos confins da pátria e da memória
Nei Duclós
Nei Duclós
Se o ódio por acaso for dormir não o desperte de manhã. Deixe-o ficar lá até ele esquecer de levantar
Mas desperte o amor e leve-o para ver o mar
Nei Duclós
Ficamos sós, eu e o poema
Ofício sem poder no esquema
Ainda riem do que acham inútil
O varso e o versejador caduco
Ambos sentados na sarjeta suja
Ficamos sós, por nossa culpa
E a lua, sem misericórdia
Vem fazer parte da comédia
Para ela tanto faz, ilusão ou crime
Poesia é vício da solidão
Musa distante que o diga
Nei Duclós
O amor é um jardim sem dono
Que alguém plantou e foi embora
Ele continua produzindo flores
Íntimo da chuva e da terra inóspita
A primavera vem em seu socorro
Quando o inverno vence a estação dos brotos
E o clima morto acha que está feito
O corpo do jardim já decomposto
Ressurge então o amor, supremo rosto
De pétalas azuis por entre o barro
Sentimos de longe, remota montanha
Mas ele está dentro, e diz teu nome
Batismo de seda contra o abandono
Nei Duclós
Não diga que sou tirano
Porque travo a língua com palavras pobres
O lixo que recolho serve para o sonho
Não deixo nada fora no ofício medonho
É missão de sacerdote o poeta que sofre
VendO o verbo atirado sem nada que o apanhe
Por isso reza enquanto anima o espólio
O encalhe das falas e dos relatórios
Tenho o hábito dos santos apesar de humano
Vivo no pecado das estrofes sem uso
Mas os anjos gostam e devolvem num sopro
Maravilhosa e inéditos cantos gregorianos
Nei Duclós
Que coisa boa quando consentes
Que eu toque teu corpo e encontre um pouso
No eixo que vai do rosto até o ventre
Teus seios de fogo tua língua violenta