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18 de novembro de 2010
MARILU
Nei Duclós
Depois dizem
que tudo é coisa
da nossa cabeça
Que isso passa
Como passa Marilu
Ela vem de sombrinha
amarela na tarde
Seu pé tem sapato
De furinho
Ela nem cumprimenta
Balanço o ruído
na varanda
Seus cabelos em cacho
sacodem ao vento
Ela olha em frente
Eu sou o poeta louco
que a mãe de Marilu
falou para evitar
Por isso atravessa
a rua sem me ver
Mas quando dobra
a esquina, Marilu
gira a sombrinha
como doida.
Acho que é para mim
Existem atalhos
Poderia abrir o portão
num convite brusco
Ela talvez aceitasse
a loucura
Eu poderia falar
sobre a lua,
as estações, os duendes
Quem sabe o que lhe faria
ficar o dia todo?
Não posso é ficar
fingindo que penso
enquanto espero
Marilu passar
em direção à praça
Talvez um suco
de maracujá seja suficiente
para puxar conversa
Eu serviria num copo amarelo
de canudinho
Ela entraria e na sombra
da varanda ficaria me olhando
Eu dormiria então, para sempre
embalado pela dor de não ter Marilu
a não ser em meus pensamentos
RETORNO - Imagem desta edição: Mulher com Sombrinha, de Renoir. 2. Poema-crônica, de modelo antigo, meio fora de foco e que agora entra pelo blog, como uma brisa na tarde.
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