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7 de janeiro de 2010
DIGO PARA MIM
Nei Duclós
Digo para mim: fica tranqüilo
as coisas não são tão terríveis
és um anjo de asas brancas
o sol dessa manhã cinza
Digo para mim: não tema
há muito que te prenderam
estás acostumado ao calabouço
ver o mundo será tão pouco
comparado à solidão que aceitas
Sossega, tudo vem, uma larva no pescoço
um acidente, o amor de quando em pouco
Por isso bebe a água, come a carne
a falta de um almoço não te mata
deixa o tempo engatilhar sua arma
Nasceste para durar pouco
ou não durar nada
mas durar é secundário
Antes de partir
deixarás pegadas na areia
para a memória do vento
RETORNO - 1. Mais um poema do livro Outubro. Imagem desta edição: tirei daqui.
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