Esporte é a capacidade de as pessoas cometerem gestos bizarros que ficam impunes. No futebol é um espanto: marmanjos se abraçam coletivamente antes de entrar em campo e na hora do gol; atacantes pegam zagueiros por trás nos treinamentos; multidões de chuteiras caem como chuva em alguém deitado que acaba de colocar a bola no ângulo. Sem falar no agarra-agarra das áreas, os tapinhas amistosos na cara, as trocas de camisa nos intervalos (talvez o maior enigma do futebol). Há mais: quando levantam as duas mãos depois de cometerem um crime em campo, como a dizer: “Não fui eu!” Ou: “Fui eu, mas não devo ser punido”.
A impunidade garante a continuidade das bizarrices. No vôlei, há uma espécie de regra burocrática dos tapinhas nas mãos. Façam o que fizerem, todos precisam se estapear as palmas das mãos. Imagino que, se não fizerem isso, serão condenados à prisão perpétua. Pois é tamanha a dedicação com que se entregam a esse ofício, o de dar tapinhas nas mãos uns nos outros, que só pode ser uma determinação de entidades internacionais poderosas. Artigo 1: cumprimente, a cada segundo de jogo, com um tapa na palma da mão do colega de equipe para provar que você é cool, senão vai ter.
No basquete tem aquele gesto do cara que se dependura na cesta, para delírio dos babacas que adoram esse tipo de esporte, inventado pelos americanos que jamais conseguiram jogar o jogo dos seus senhores, os ingleses futebolísticos. O sujeito já fez o ponto, ou os dois, mas precisa se dependurar que nem um imbecil na cesta para provar que sabe enterrar. É puro exibicionismo que deveria ser punido com dez chibatadas em público. Mas acontece o contrário: todos adoram e ainda uivam nas arquibancadas.
No tênis tem a ruginha na testa significativa (a fingir produção de pensamento) antes do saque, que nesse tipo de jogo é uma espécie de punhalada criminosa. Não se pode admirar um jogo em que os contendores querem eliminar fisicamente o outro com um bostaço de cara, um petardo de primeira, um tiro de canhão já no início do lance. Tênis é pura covardia. Só para disfarçar, às vezes eles colocam uma bola fraquinha pelo alto, mas isso também é um prevalecimento. O adversário já está batido, então fazem esse tipo de coisa para humilhar. Sem falar nas diagonais com efeito em cantos impossíveis de alcançar, entre outros expedientes sacanas.
Beisebol não dá nem para comentar. O cara encolhe a perna como cão antes de mijar e joga a bolinha a toda velocidade contra o coitado que está com o pau na mão a poucos metros de distância. Deve ser quase impossível acertar aquela joça e quando isso acontece saem correndo que nem umas bestas. Correm apenas, sem driblar, sem dominar a bola, sem colocar no ângulo. Que graça tem isso? Rebater a bolinha impossível? Jogá-la para os eucaliptos e dizer que é home run? E de onde vem tanto carisma? Vejo filmes americanos sobre o esporte. É totalmente incompreensível. “Quem estava na primeira base”, como dizia a velha piada de Abott e Costello. Isso mesmo, sem ponto de interrogação. “Quem” era o nome do jogador. Muito, muito engraçado.
Mas nada se compara ao handebol. Quando éramos guris, havia uma surra coletiva em quem pegava a bola com a mão e tentava fazer o gol atirando sem dó em cima do goleiro. Isso não se faz. Mas se faz. Chama-se handebol, o jogo mais execrável da face da terra. Mil vezes a peteca de praia, pelo menos é mais honesta em sua falta absoluta de importância.
Deixei por último o pior deles, a Fórmula 1. Os caras roncam os motores e gastam os pneus numa pista autista, que não leva a lugar nenhum. Depois comemoram jogando hectolitros de uma josta que dizem ser champagne. Deve ser mijo de camelo engarrafado. Esqueci também de comentar o gesto mais cretino do esporte: beijar o símbolo da camisa. Dá nojo. Por que não vão beijar um cacto? Ou se roçar numa tuna? Os clubes são joguetes nas mãos de uma máfia terrível que domina o esporte em escala mundial. Vai gastar amor numa camisa que faz propaganda de algum produto ridículo? Quando alguém beija a camisa do seu clube, está beijando a marca do patrocinador. Deveria vomitar, não babar como um energúmeno.
Nossa, hoje encarnei o pior de Sinistrus Joe.
RETORNO - Imagem de hoje: "Salve-se quem puder", foto de Helcio Toth. Pelo menos o box é sincero, não tem frescura. Isso sim é ripa na chulipa.
A impunidade garante a continuidade das bizarrices. No vôlei, há uma espécie de regra burocrática dos tapinhas nas mãos. Façam o que fizerem, todos precisam se estapear as palmas das mãos. Imagino que, se não fizerem isso, serão condenados à prisão perpétua. Pois é tamanha a dedicação com que se entregam a esse ofício, o de dar tapinhas nas mãos uns nos outros, que só pode ser uma determinação de entidades internacionais poderosas. Artigo 1: cumprimente, a cada segundo de jogo, com um tapa na palma da mão do colega de equipe para provar que você é cool, senão vai ter.
No basquete tem aquele gesto do cara que se dependura na cesta, para delírio dos babacas que adoram esse tipo de esporte, inventado pelos americanos que jamais conseguiram jogar o jogo dos seus senhores, os ingleses futebolísticos. O sujeito já fez o ponto, ou os dois, mas precisa se dependurar que nem um imbecil na cesta para provar que sabe enterrar. É puro exibicionismo que deveria ser punido com dez chibatadas em público. Mas acontece o contrário: todos adoram e ainda uivam nas arquibancadas.
No tênis tem a ruginha na testa significativa (a fingir produção de pensamento) antes do saque, que nesse tipo de jogo é uma espécie de punhalada criminosa. Não se pode admirar um jogo em que os contendores querem eliminar fisicamente o outro com um bostaço de cara, um petardo de primeira, um tiro de canhão já no início do lance. Tênis é pura covardia. Só para disfarçar, às vezes eles colocam uma bola fraquinha pelo alto, mas isso também é um prevalecimento. O adversário já está batido, então fazem esse tipo de coisa para humilhar. Sem falar nas diagonais com efeito em cantos impossíveis de alcançar, entre outros expedientes sacanas.
Beisebol não dá nem para comentar. O cara encolhe a perna como cão antes de mijar e joga a bolinha a toda velocidade contra o coitado que está com o pau na mão a poucos metros de distância. Deve ser quase impossível acertar aquela joça e quando isso acontece saem correndo que nem umas bestas. Correm apenas, sem driblar, sem dominar a bola, sem colocar no ângulo. Que graça tem isso? Rebater a bolinha impossível? Jogá-la para os eucaliptos e dizer que é home run? E de onde vem tanto carisma? Vejo filmes americanos sobre o esporte. É totalmente incompreensível. “Quem estava na primeira base”, como dizia a velha piada de Abott e Costello. Isso mesmo, sem ponto de interrogação. “Quem” era o nome do jogador. Muito, muito engraçado.
Mas nada se compara ao handebol. Quando éramos guris, havia uma surra coletiva em quem pegava a bola com a mão e tentava fazer o gol atirando sem dó em cima do goleiro. Isso não se faz. Mas se faz. Chama-se handebol, o jogo mais execrável da face da terra. Mil vezes a peteca de praia, pelo menos é mais honesta em sua falta absoluta de importância.
Deixei por último o pior deles, a Fórmula 1. Os caras roncam os motores e gastam os pneus numa pista autista, que não leva a lugar nenhum. Depois comemoram jogando hectolitros de uma josta que dizem ser champagne. Deve ser mijo de camelo engarrafado. Esqueci também de comentar o gesto mais cretino do esporte: beijar o símbolo da camisa. Dá nojo. Por que não vão beijar um cacto? Ou se roçar numa tuna? Os clubes são joguetes nas mãos de uma máfia terrível que domina o esporte em escala mundial. Vai gastar amor numa camisa que faz propaganda de algum produto ridículo? Quando alguém beija a camisa do seu clube, está beijando a marca do patrocinador. Deveria vomitar, não babar como um energúmeno.
Nossa, hoje encarnei o pior de Sinistrus Joe.
RETORNO - Imagem de hoje: "Salve-se quem puder", foto de Helcio Toth. Pelo menos o box é sincero, não tem frescura. Isso sim é ripa na chulipa.
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