Agora alguém tem ser o mais do mundo. Na disputa entre Cristiano Ronaldo (que se assina Ronaldo, por que será?) e Kaká, o tempo todo esse assunto veio à tona. O público do Gama é que não perdoou. Vingou-se do assédio das garotas em cima do português (gritar que quer dar é uma das marcas registradas do nosso tempo) colocando as coisas no lugar: Cristiâââano, viaaaaado! Galvão Bueno (sempre ele) disse que o motivo é porque Cristiano não jogou nada, mas o motivo é outro. A máscara foi punida. Mascarado, só o Zorro.
Bastou Luis Fabiano fazer três gols para começarem a lembrar que ele é conhecido agora como o Fabuloso. É como o Adriano, que era o Imperador. Depois o cara se perde e caem em cima. Inventa o mascarado e aí querem o quê? Tem aquele jogador de futsal, o Falcão, que vem sempre citado como o melhor do mundo. Assim como Hortência é a Rainha e a outra é a Magic Paula. Mania de querer achar o máximo no médio. Todos sabem que Rei só tem um, Pelé, que compareceu no estádio do Gama vestindo um conjunto azul, fechado no pescoço. Deve ser uma nova religião. Foi bonito ver o Rei aos 68 anos sendo abraçado. Quando entrevistado pela Globo começou a argumentar, no que foi cortado imediatamente por Galvão Bueno, que não suporta as arengas do Pelé.
Aí elegem a mais sexy, o mais comedor, o mais fornecedor. El Gran Rompedor, El Maestro Total, El Dia em que Me quieras. No cuspe a distância tem o melhor do mundo, o Pojadas. Na Peteca de Praia o maior do mundo é o Índio Carijó. No lançamento de dardo é Tonto, o Pele Vermelha. No martelo é Porrada, o Fodão. Tem também o corredor mais rápido do oeste, que é Silver, o Empalhado. Na derrubada de latas é Pimpão, o Enganador. No jogo de dardos é Tell, o Maçã de Ouro. Sem falar nos medalhistas da natação: Ele, Boto, Ninfa, a Sílfide, Lagoa Negra, o Monstro. Tem um melhor do mundo para cada atividade humana. O melhor do mundo em porrinha, em bafo, em peido de sovaco, em bodoque, em bulita, em taco, em aro, em bola de pano.
Tem o Sete Trouxa, que é o melhor do mundo em mendicância. O Pepe Caravana, que é o melhor do mundo em cachimbadas. O Chagas e Silva, o melhor estancieiro do mundo. O Sincero, o bebum mais transparente do mundo. Rato, Tano, Gringo e Macaco, os melhores do mundo da zona do Cafarate. O melhor goleiro do mundo é o Gilmar, qualquer Gilmar, menos esse Gilmar. O melhor center foba é Amauri, que só tira de puxeta. O melhor meia do mundo é Paré, o melhor atacante Xirunga, o melhor chutador é Nick, o melhor chedinho quem dá é o Gorrinha (chedinho é o chute que pega na veia). Tem para todo melhor do mundo.
Ronaldinho era o Fenômeno, hoje não é mais nada, porque queimaram todos os seus cartuchos. Profissional do futebol desde criança, Ronaldinho encheu de tudo, escapou com vida, hoje é fera ferida, animal arisco ( ainda dizem que Roberto Carlos não é o bicho). O pior é isso, pespegar no cangote do sujeito ou sujeita o epíteto. Não falam mais Marta, falam Marta, a melhor do mundo. Vejo Marta brilhante como sempre, mas sugada, exausta. Marta é mártir do futebol arte. Joga o fino numa época de pontapés.
A mídia é fiel até o osso com essas coisas. Nunca abandona um apelido, uma qualificação. As pessoas não existem sozinhas, com seus próprios nomes. O moço do começo da fila é um tratante porque curte essa de ser o mandante. A redação mais brilhante não é minha é a do meliante. Chega, a bobagem tomou conta. Já fui "mais melhor" (antes davam cascudo para quem dizia mais melhor, agora é moda).
RETORNO - 1. Imagem de hoje: Zorro, Tonto e Silver. 2. A seleção brasileira, pentacampeã do mundo, deu uma lavada no arrogante Portugal por 6x2. Serviu para mostrar a um time europeu quem tem cinco estrelas na camisa. Ué, o Dunga não era péssimo? Agora vale? Que mistério é esse em que um treinador enxovalhado sai de campo com uma vitória completa? O motivo da má vontade é sempre a mesma: a percepção sobre a realidade, na mídia, costuma beirar a idiotia (fruto, quase sempre, da má fé). A crônica esportiva vive de carona nos resultados. Se é bom, muito bem. Se é ruim, é porque time e treinador nunca prestaram e todos merecem ser fuzilados. Assim é mole. É preciso arrostar nas derrotas e ver a médio e longo prazo e não se entregar como um filho da mãe ao que parece ser evidente.
Bastou Luis Fabiano fazer três gols para começarem a lembrar que ele é conhecido agora como o Fabuloso. É como o Adriano, que era o Imperador. Depois o cara se perde e caem em cima. Inventa o mascarado e aí querem o quê? Tem aquele jogador de futsal, o Falcão, que vem sempre citado como o melhor do mundo. Assim como Hortência é a Rainha e a outra é a Magic Paula. Mania de querer achar o máximo no médio. Todos sabem que Rei só tem um, Pelé, que compareceu no estádio do Gama vestindo um conjunto azul, fechado no pescoço. Deve ser uma nova religião. Foi bonito ver o Rei aos 68 anos sendo abraçado. Quando entrevistado pela Globo começou a argumentar, no que foi cortado imediatamente por Galvão Bueno, que não suporta as arengas do Pelé.
Aí elegem a mais sexy, o mais comedor, o mais fornecedor. El Gran Rompedor, El Maestro Total, El Dia em que Me quieras. No cuspe a distância tem o melhor do mundo, o Pojadas. Na Peteca de Praia o maior do mundo é o Índio Carijó. No lançamento de dardo é Tonto, o Pele Vermelha. No martelo é Porrada, o Fodão. Tem também o corredor mais rápido do oeste, que é Silver, o Empalhado. Na derrubada de latas é Pimpão, o Enganador. No jogo de dardos é Tell, o Maçã de Ouro. Sem falar nos medalhistas da natação: Ele, Boto, Ninfa, a Sílfide, Lagoa Negra, o Monstro. Tem um melhor do mundo para cada atividade humana. O melhor do mundo em porrinha, em bafo, em peido de sovaco, em bodoque, em bulita, em taco, em aro, em bola de pano.
Tem o Sete Trouxa, que é o melhor do mundo em mendicância. O Pepe Caravana, que é o melhor do mundo em cachimbadas. O Chagas e Silva, o melhor estancieiro do mundo. O Sincero, o bebum mais transparente do mundo. Rato, Tano, Gringo e Macaco, os melhores do mundo da zona do Cafarate. O melhor goleiro do mundo é o Gilmar, qualquer Gilmar, menos esse Gilmar. O melhor center foba é Amauri, que só tira de puxeta. O melhor meia do mundo é Paré, o melhor atacante Xirunga, o melhor chutador é Nick, o melhor chedinho quem dá é o Gorrinha (chedinho é o chute que pega na veia). Tem para todo melhor do mundo.
Ronaldinho era o Fenômeno, hoje não é mais nada, porque queimaram todos os seus cartuchos. Profissional do futebol desde criança, Ronaldinho encheu de tudo, escapou com vida, hoje é fera ferida, animal arisco ( ainda dizem que Roberto Carlos não é o bicho). O pior é isso, pespegar no cangote do sujeito ou sujeita o epíteto. Não falam mais Marta, falam Marta, a melhor do mundo. Vejo Marta brilhante como sempre, mas sugada, exausta. Marta é mártir do futebol arte. Joga o fino numa época de pontapés.
A mídia é fiel até o osso com essas coisas. Nunca abandona um apelido, uma qualificação. As pessoas não existem sozinhas, com seus próprios nomes. O moço do começo da fila é um tratante porque curte essa de ser o mandante. A redação mais brilhante não é minha é a do meliante. Chega, a bobagem tomou conta. Já fui "mais melhor" (antes davam cascudo para quem dizia mais melhor, agora é moda).
RETORNO - 1. Imagem de hoje: Zorro, Tonto e Silver. 2. A seleção brasileira, pentacampeã do mundo, deu uma lavada no arrogante Portugal por 6x2. Serviu para mostrar a um time europeu quem tem cinco estrelas na camisa. Ué, o Dunga não era péssimo? Agora vale? Que mistério é esse em que um treinador enxovalhado sai de campo com uma vitória completa? O motivo da má vontade é sempre a mesma: a percepção sobre a realidade, na mídia, costuma beirar a idiotia (fruto, quase sempre, da má fé). A crônica esportiva vive de carona nos resultados. Se é bom, muito bem. Se é ruim, é porque time e treinador nunca prestaram e todos merecem ser fuzilados. Assim é mole. É preciso arrostar nas derrotas e ver a médio e longo prazo e não se entregar como um filho da mãe ao que parece ser evidente.
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