12 de novembro de 2007

PORQUE NÃO NOS CALAMOS


Graças a Tabajara Ruas, que me incluiu no evento, conheci essa grande figura que é o David Toscana, romancista celebrado em todo mundo como um dos grandes talentos da literatura mexicana atual. Uma pessoa concentrada, silenciosa, séria, mas ao mesmo tempo dotada de grande bom humor. Deu uma aula sobre romance e México no encontro que tivemos no Centro Érico Veríssimo no dia oito. David, Tabajara, Marcio Pinheiro e eu (pela ordem, na foto acima) falamos para uma sala lotada de participantes atentos. Foi bom demais. E ainda ganhei um autógrafo de David no seu lançamento “O Exército Iluminado” que, junto com o Último Leitor, de 2006, será comentado aqui em breve.

David Toscana é a porção latino-americana que admiramos e que nos ilumina. A que ninguém manda calar a boca, porque não adianta. Exatamente o contrário de outra porção, que nos envergonha. Pois o destempero do rei Juan Carlos, que mandou Chavez se calar na recente reunião Ibero-Americana, aconteceu quando o presidente venezuelano não tinha o direito de falar. A fala era de outro, não dele, tanto é que seu microfone estava mudo.

Mas o idiota não deu bola e continuou com sua arenga à margem, recebendo então o troco do rei. Esse é um detalhe importante. A mais alta autoridade espanhola não mandou o latino-americano se calar quando este estava no direito de falar, mas sim no instante em que Chavez usurpou esse direito. Surgiu assim a chance para que a Espanha cagasse novamente na cabeça da América Latina. Para isso serve Chavez, o boquirroto: para dar razão aos poderosos.

Serve também para passar a mão em Lula, que saiu todo doce do encontro, pois foi chamado pelo côco-bicho venezuelano de “magnata do petróleo”. Era tudo o que alpinista social Lula queria ouvir. O presidente, que se orgulha do seu analfabetismo e vibra a pobreza na infância para destacar sua vitória do sujeito que deu certo na vida, queria mesmo era chegar a ser magnata. É o ápice de sua trajetória. O resto não importa.

Posar sorrindo com Evo Morales, o cara que tungou os investimentos brasileiros na Bolívia, é de um acinte sem precedentes. Nunca em nenhum país um mandatário que foi desmoralizado por um dos seus pares foi lá apertar a mão do cretino.

Gozar diante dos algozes parece ser a opção petista no poder. Querem agora entrar na Opep, porque acharam a riqueza a sete quilômetros da superfície, incluindo uns três quilômetros de rocha. Para quê? Para exportar, pois o Brasil serve para isso. A Petrobras, sem acento, deixou de ser brasileira. Pode achar óleo à vontade, já que nossas riquezas não fazem mais parte da nossa soberania. Está tudo liberado. O Brasil é o rabo do mundo.

Enquanto isso, quando o Estado Novo getulista completa 70 anos, sobrou merda contra o presidente do Brasil Soberano. Emérito colunista gaúcho, uma espécie de Diogo Mainardi da província , mas com diploma da Sorbonne, liga o Estado Novo às ejaculações de Getúlio. Estou falando sério. Para o articulista, o processo que levou à implantação do Estado Novo se resume às prepotências seminais do presidente, que descarregava sua força em mulheres da vida. Foi o que ele escreveu.

Dá para responder? Ou vamos deixar para lá, e apenas confirmar que não há limites para a cretinice e a insânia? O pior é que essa, digamos, “tese”, faz parte de um livro dele sobre o grande estadista. Certamente deve ser lido na privada.

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