Há dias quero postar essa foto maravilhosa (intitulada "Posto Seis") de autoria de Irene Schmidt. Incrível: é uma foto recente. Ela enxerga o Brasil no caos atual nesta imagem que une tradição e modernidade. A luz, a composição da paisagem, a presença humana convivendo com o mar, o barco na areia, a cidade ao fundo, tudo é magia. Mas, infelizmente, estamos vivendo época de grande anormalidade.
Anormal era uma palavra recorrente nos anos 50. Serve para definir o país hoje. Pois só mesmo um sistema de anormais para permitir que menores de idade compartilhem o cárcere com inúmeros marmanjos. Só mesmo um governo de um país anormal para gastar meio bilhão de reais para manter a tunga da CPMF. Só mesmo um país anormal para mentir que a dívida externa acabou, que agora só temos a dívida interna, que soma módicos 1 trilhão de reais. Só mesmo um país anormal pra privatizar o que restou da selva.
Só mesmo um país anormal para achar que estamos crescendo e as pessoas estão comprando mais e que nosso IDH - Índice de Desenvolvimento Humano aumentou, apesar de descer no ranking (se os outros países aumentaram ainda mais, algo está errado conosco). Só mesmo um país anormal para transformar a anormalidade em coisa corriqueira, calando assim a boca da insurgência, pois o que adianta remar contra essa avalanche de barbaridades, se tudo é considerado normal?
Ontem, no Jornal Nacional, enfim citaram o nome de Oswaldo Aranha, isso porque Israel está homenageando o grande estadista que viabilizou a criação do estado israelense (o que é altamente polêmico, mas o que vale é a presença internacional de um brasileiro num momento decisivo, sinal de que tínhamos importância, a mesma importância que foi para o brejo depois de 64). Falaram apenas “o brasileiro Oswaldo Aranha”, que foi secretário-geral da ONU em 1947. Um diplomata que deixou uma herança de soberania que acabou desaguando em Sergio Vieira de Mello, isso porque Sergio precisou sair do país para seguir sua carreira brilhante. Uma herança que foi esbagaçada, claro.
Digam: Oswaldo Aranha, ex-ministro da Justiça do governo Vargas, que fez o discurso fúnebre diante do túmulo de Getúlio (enviado na íntegra recentemente para mim por Renan Pinheiro.) Mas isso não. O Brasil soberano precisa ficar oculto e quando ele mostra a cara deve-se maquiá-lo até ficar parecendo uma coisa qualquer. No Comunique-se, site de jornalistas, debato sobre 1964. É um tema “fora de moda”. Há consenso de que derrotamos a tirania e vivemos numa grande democracia.
Ao mesmo tempo, o site divulga que um terço do Senado está envolvido nos negócios da comunicação e que uma boa porção do Conselho Curador da TV pública de Lula tem nomes que, apontei, fazem parte do regime de 64, como Delfim Neto (sempre ele), a filha de Andrade Gutierrez, o dono da Marcopolo, o ex-secretário de Planejamento do governo Maluf, o Claudio Lembo, e assim por diante.
Quer dizer, é normal achar que estamos numa democracia e anormal de que vivemos numa ditadura. Mas se a atual democracia quiser um monumento, basta olhar em torno. Vejam o Enjôo Soares. Deitou e rolou com apelações sobre Angola e agora invoca Darci Ribeiro (claro, onde mais ele vai conseguir exemplos honrados, na não ser no Brasil soberano?), entrevistado no seu programa, para provar que ele, Enjôo, sempre foi um cara democrático, legal, politicamente correto. É nada.
Na Espanha, um enorme sistema de usinas movidas a energia solar aparece como solução limpa, enquanto aqui esfregamos as mãos porque temos um bostilhão de gás e óleo sujo bem abaixo do nosso maravilhoso mar. Vão emporcalhar tudo, sujar o litoral e ainda terminar de encher de cana-de-açúcar e soja todas as terras aráveis, além de arrancarem do chão árvore por árvore. Normal, normal. Viramos magnatas de petróleo no momento em que o petróleo se transforma num pesadelo.
Enquanto isso, o Iraque continua invadido, Evo Imorales cuida de ensangüentar a Bolívia e Côco-Bicho Chavez, vestido de vermelho-sangue (nada a ver com o marxismo, que de marxismo ele não entende nada) promete colocar fogo no continente.
Só mesmo um país anormal para achar que estamos crescendo e as pessoas estão comprando mais e que nosso IDH - Índice de Desenvolvimento Humano aumentou, apesar de descer no ranking (se os outros países aumentaram ainda mais, algo está errado conosco). Só mesmo um país anormal para transformar a anormalidade em coisa corriqueira, calando assim a boca da insurgência, pois o que adianta remar contra essa avalanche de barbaridades, se tudo é considerado normal?
Ontem, no Jornal Nacional, enfim citaram o nome de Oswaldo Aranha, isso porque Israel está homenageando o grande estadista que viabilizou a criação do estado israelense (o que é altamente polêmico, mas o que vale é a presença internacional de um brasileiro num momento decisivo, sinal de que tínhamos importância, a mesma importância que foi para o brejo depois de 64). Falaram apenas “o brasileiro Oswaldo Aranha”, que foi secretário-geral da ONU em 1947. Um diplomata que deixou uma herança de soberania que acabou desaguando em Sergio Vieira de Mello, isso porque Sergio precisou sair do país para seguir sua carreira brilhante. Uma herança que foi esbagaçada, claro.
Digam: Oswaldo Aranha, ex-ministro da Justiça do governo Vargas, que fez o discurso fúnebre diante do túmulo de Getúlio (enviado na íntegra recentemente para mim por Renan Pinheiro.) Mas isso não. O Brasil soberano precisa ficar oculto e quando ele mostra a cara deve-se maquiá-lo até ficar parecendo uma coisa qualquer. No Comunique-se, site de jornalistas, debato sobre 1964. É um tema “fora de moda”. Há consenso de que derrotamos a tirania e vivemos numa grande democracia.
Ao mesmo tempo, o site divulga que um terço do Senado está envolvido nos negócios da comunicação e que uma boa porção do Conselho Curador da TV pública de Lula tem nomes que, apontei, fazem parte do regime de 64, como Delfim Neto (sempre ele), a filha de Andrade Gutierrez, o dono da Marcopolo, o ex-secretário de Planejamento do governo Maluf, o Claudio Lembo, e assim por diante.
Quer dizer, é normal achar que estamos numa democracia e anormal de que vivemos numa ditadura. Mas se a atual democracia quiser um monumento, basta olhar em torno. Vejam o Enjôo Soares. Deitou e rolou com apelações sobre Angola e agora invoca Darci Ribeiro (claro, onde mais ele vai conseguir exemplos honrados, na não ser no Brasil soberano?), entrevistado no seu programa, para provar que ele, Enjôo, sempre foi um cara democrático, legal, politicamente correto. É nada.
Na Espanha, um enorme sistema de usinas movidas a energia solar aparece como solução limpa, enquanto aqui esfregamos as mãos porque temos um bostilhão de gás e óleo sujo bem abaixo do nosso maravilhoso mar. Vão emporcalhar tudo, sujar o litoral e ainda terminar de encher de cana-de-açúcar e soja todas as terras aráveis, além de arrancarem do chão árvore por árvore. Normal, normal. Viramos magnatas de petróleo no momento em que o petróleo se transforma num pesadelo.
Enquanto isso, o Iraque continua invadido, Evo Imorales cuida de ensangüentar a Bolívia e Côco-Bicho Chavez, vestido de vermelho-sangue (nada a ver com o marxismo, que de marxismo ele não entende nada) promete colocar fogo no continente.
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