5 de fevereiro de 2006

QUEREMOS O BRASIL SOBERANO




Lula lança o slogan "o biodiesel é nosso", clonado da memorável campanha popular e vitoriosa dos anos 50 a favor do petróleo. Alguns de seus adeptos arriscam reviver o queremismo, como se Lula estivesse se comportando como Vargas, que teria uma relação dúbia diante da sua possibilidade de candidatar-se em 1945. Toda ação do grande estadista é vestida de roupas sinistras pelos capachos da atual ditadura. Destruíram o trabalhismo em décadas de calúnias, destacando a esperteza em detrimento da genialidade política. Agora clonam a imagem que fazem do presidente maior. Como tudo o que dizem de Vargas é mentira, é preciso revisitar o queremismo, que tem dois momentos: um, na fonte, na campanha de 1929, e outro, oficial, em 1945/6, depois que derrubaram Getúlio com um golpe de estado para começar a entregar o país que tinha zerado sua dívida externa na Segunda Guerra.

HISTÓRIA - Você não pode tomar partido se não estudar História. O grande estadista candidatou-se à presidência da República em 1929, levado pela Aliança Liberal, uma união de forças que tentava reverter, pelo voto, o estado ditatorial da República Velha. Getúlio rompeu o acordo de cavalheiros que existia até então. Era o seguinte. Nenhum candidato poderia fazer campanha no território do adversário. A Federação, a divisão do país em estados-nação independentes (cada um com sua bandeira) obra do reino de Portugal, especialmente depois da revolução do Porto de 1820, não permitia. Nas suas "Memórias de Um Burguês Progressista", Paulo Nogueira Filho mostra como foi a chegada de Getúlio em São Paulo, nicho do seu adversário, Julio Prestes. "Queremos Getúlio", gritava a multidão. Getúlio também inovou ao falar para o povo em praça pública, ao contrário da prática de ler textos burocráticos em ágapes partidários organizados por uma elite vestida à européia. Seu discurso foi um assombro, mas a manipulação do voto derrotou-os nas eleições. Ou seja, a democracia fajuta dos donos do poder não permitia que uma dissidência vencesse e isso foi sua ruína. O povo encheu a praça para aclamar seu candidato, e depois, o revolucionário vitorioso.

RAPINA - O segundo queremismo surgiu quando Vargas foi derrubado do poder em 1945 (pela mão pesada dos americanos vitoriosos na Segunda Guerra). Foi um golpe militar, açulado pela direita que se apropriou do discurso democrático. O governo de Getúlio defendeu a democracia de armas na mão ao enviar nossos bravos para o front (não como hoje, quando enviamos nossas tropas para fazer papel de política e defender a intervenção americana no Haiti). A cobra fumou, mas a vitória brasileira foi transformada em derrota política do governo. Marcaram então as eleições. Nessas, Getúlio foi candidato a senador por vários estados e venceu. Escolheu para representar São Paulo. Foi nessa condição que ficou recolhido por cinco anos até voltar numa consagradora vitória em 1950, pelo voto direto, sem nenhum apoio da imprensa. Getúlio não foi imediatamente candidato porque era um estadista responsável, e sabia que seu nome para o cargo máximo da nação iria colocar tudo a perder. Mas foi também vitorioso pois indicou o Marechal Dutra. Pena que Dutra governou sob a guarda da reacionária UDN e aceitou o pagamento da dívida externa dos gringos (sim, os Estados Unidos, naquela época, nos deviam) com quinquilharias da pseudo modernidade que invadiram o país. O queremismo tinha ampla aceitação popular e não é como agora, em que meia dúzia de puxa-sacos, de olho no butim, pressionam Lula a aceitar a campanha da reeleição. Lula faz tudo para reeleger-se. Tem um compromisso com a gang que subiu com ele ao poder. Fará tudo para enganar o povo, especialmente tungar o patrimônio da Era Vargas, coisa que todos eles fazem, chacais que são, aves de rapina do Brasil que foi um dia soberano.

PODER - Você não peita a ditadura apenas com palavras. Ela é poderosa e está em todo lugar, roubando tudo. Se você quiser atacar um dos seus pontos, a cultura, por exemplo, precisa ver o entorno, de onde vem a violência que exclui artistas e autores. Vem da grana preta que se rouba do país.É por isso que a mídia fica à mercê dos escritores falsos, do enfoque único, da mediocridade reinante. Ou você peita os donos do dinheiro, ou deixa os bobalhões que expressam o atual estado de coisas em paz. O cara que te exclui num grande jornal faz o jogo da ditadura implantada na tunga ao tesouro nacional. Faz conscientemente ou não, mas faz. É a guerra. Quem está preparado?

ESPECIAL: O MAIS! E TUDO O MAIS

Antes de comentar artigo do caderno Mais!, da Folha, me deparei com a notícia na Folha On Line de que morreram três mulheres e 46 pessoas ficaram feridas numa sessão de autógrafos da banda mexicana RBD em São Paulo. O evento era patrocinado pelos supermercados Extra, a gravadora EMI e o SBT, que leva ao ar novela mexicana que tem os atores como integrantes da banda. A prefeitura diz que não liberou o evento (por que então foi realizado?) . São todos culpados: televisão, gravadora, supermercado, prefeitura. Jogam lixo para cima do povo, exploram sua boa fé, estimulam os hormônios da juventude com porcaria para faturar em cima e provocam uma tragédia. Chega de porcaria na TV e na música. Chega de a arte ser reduzida à expressão dos países baixos. Chega de usar a palavra liberdade para incentivar o obscurantismo.

Mas vamos ao Mais!, essa raridade na imprensa brasileira. O bom é que podemos nos banquetear com o acervo poublicado e ainda implicar com vários aspectos do seu conteúdo. O sociólogo alemão Robert Kurtz, por exemplo, desconstrói no artigo "O Triângulo de Cartas" as pretensões do côco-bicho Chavez, que estaria tentando formar aliança anti-imperialista junto com o Irã, a China e a Russia. Bobagem, diz Kurz, todos esses países estão sob a guarda da economia americana e globalizada. Kurz fala da China como o Diário da Fonte fala da China: é obra americana para inundar os países pobres da América Latina com produtos idiotas e acabar com a industrialização restante nessas nações.

Kurz erra ao achar que o problema está no nacionalismo de Chavez. Não serve para o Brasil. Nós precisamos ser nacionalistas, pois temos tudo, não precisamos de ninguém. Kurz, marxista brilhante, aposta no fim dos estados nacionais, mas está bem protegido pela sua Alemanha soberana. Ou será que ele pensa que teria a liberdade que tem se fosse apenas apoiado pelo pensamento internacionalista? Ele tem identidade, passaporte, formação alemãs. Para que falar mal de estados nacionais? Viva a nação e o nacionalismo. E abaixo o obscurantismo, o direitismo nazista e anti-semita denunciado por Kurz. Mas só o que ele escreve sobre a China já vale a leitura.

RETORNO - O Livro de Visitas do meu site está temporariamente desativado por ter ficado sob fogo cerrado dos spammers, que enviam automaticamente mensagens amigáveis para encher o saco e destruir alguma coisa tua. A liberdade da internet é usada pelos ditadores da sacanagem.

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