4 de agosto de 2024

CONVERSA

 Nei Duclós 


Não interrompa meus pensamentos

Disse a nuvem para o vento

Estou escrevendo, seu nojento

Vou chover no balanço que fazes no arvoredo


Vou aparecer no céu encoberto

Espairecer enquanto sopras a esmo 

Sem ninguém saber a origem dos teus movimentos


Eu reflito, mesmo passageira

Digo coisas no crepúsculo 

Enquanto tu varre a terra incomodando o tempo


Ninguém te vê, duende

Enquanto eu sou pintura e espanto

Tenho um corpo, mesmo evanescente quando chegam perto


Não gosto se me dispersas

Prefiro se me concentro

Tenho presença, e nada serias se não fosse eu a servir de palco 

Para o vendaval da tua tormenta


Nei Duclós

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