10 de junho de 2024

VARAL

 Nei Duclós 


No primeiro sol expus a roupa

Que a máquina lavou de madrugada

São algumas peças, a oferta é pouca

Não encontro os modelos adequados 


A indústria trata com suspeita

Quem extrapola as medidas do esquadro

Escassa vinha para quem é grande

E não tolera números apertados


Assim fico sem meia ou sapatos 

Pois não se encontra mais 44

Vendemos tudo, dizem sorridentes

Os balconistas cretinos do mercado


Devo importar tudo da Tartária

Aqui só temos uniformes bem pequenos

E chapéus que não cobrem a carcaça


Mas o que tenho serve, mesmo que eu repita 

Todo dia a mesma indumentária 

Como a calça jeans que eu sempre usava

Quando vivia pobre sem salário 


Nei Duclós

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