Nei Duclós
Não releio, não reescrevo
Assim mantenho intacta
a voz do anjo na letra
Que sopra já corrigido
O escrito no Paraíso
Alguém lá deve orientá-lo
Na sua faina esquisita
De repassar aos humanos
A incerta literatura
É certo que não escuta
Conselhos de veteranos
Possuídos de parâmetros
Volumes de capa dura
Recitais de enorme fama
Meu anjo jamais descura
De rasgos tonitroantes
Mas antes faz uma escolha
Prefere a profunda música
Do verso morto de fome
Assim encarno os cadernos
E as asas do anjo roto
Empresto só a caneta
Mediunidade fajuta
Sou o poeta das nuvens
Onde moram os espíritos
Talvez seja eu um deles
A ditar o que publico
Nei Duclós
Nenhum comentário:
Postar um comentário