Nei Duclós
O barro barra o barco
Do bombeiro Bira
Que segue a pé com seu grupo
Na busca de sobreviventes
Mas em terra o cenário muda
E confunde o local exato do voluntário salvamento
Foram obrigados a abrir todas as casas
Enquanto cruzavam o lodaçal
Cada um amparando o outro
Ninguém ficou para trás
Até que ouviram alguém conversando
Num tom surdo de janelas fechadas
Descobriram então uma filha deficiente deitada ao lado dos pais mortos
Que não resistiram ao esforço de salvá-la
Com brutal hipotermia estava sendo tragada pela água
Na despedida que fazia a meia voz com o casal submerso
Voltaram com a mulher nos braços já na noite chuvosa que encerrava o dia cinzento
Era impossível voltar ao barco
Foram salvos por um helicóptero
Que fez maIs de uma viagem para levar o grupo para um lugar seguro
Isto não é um poema
É muito mais
É o relato do bombeiro Bira e seu punhado de bravos
Nei Duclós
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