Nei Duclós
Deixei de escrever para pegar em armas.
Fui ferido na primeira batalha.
Correste para o hospital como voluntária.
Ditei então os versos que copiaste
para depois transformá-los em curativos.
Tive alta, junto com o resto da tropa.
Voltamos para casa na garupa
de caminhões sem assentos ou molas
Estavas feliz, segurando meu braço ferido
eras a única luz diante dos camaradas
Cantamos canções perdidas e um a um
fomos descendo em vilas que sobreviveram
Ficamos por último e já era muito tarde
A Lua, curiosa, espiava por trás do telhado
Vou preparar um chá, disseste. Que sorte
que estamos juntos depois de tanta guerra
Nei Duclós
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