Nei Duclós
Tudo o que eu vivi foi só um treinamento
Agora permaneço, estátua de granito
Os pés no cais do porto, o rosto na montanha
Vocação do futuro, servo do infinito
Tudo consegui no torno do poema
Mendigo me tornei, rolei como um cachorro
Não busquei o ouro nem farejei a glória
Ditei a carta na praia descoberta
Filho de Caminha e da palavra exata
É complicado viver sem nenhum sustento
Vendo a tirania flanar à toa
E a mediocridade ganhar todos os prêmios
É duro ser humano no repasto das feras
Até atingir o momento mais puro e sublime
Farol na tormenta, nau movida a vento
Anônimo amor que desperta Vesúvio
Sou lava de sonho que salva Pompeia
Quando todos perdiam a extrema viagem
Que leva no convés o sal da eternidade
Nei Duclós
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