Meu poema não gera espanto
Primeiro porque não tenho cacife para tanto
Vivo da mão para a boca
Como um pedreiro do subúrbio
E não compareço na festa da cultura
Moro longe das experiências que fazem a cabeça dos contemporâneos
Estou sempre convalescendo
Na terceira idade lenta
Segundo porque ninguém se impressiona com mais nada
E prova generosas porções bizarras impactantes
Já estão servidos
Por isso fico na minha
Pesquiso a palavra perdida nos edifícios
Nos livros desprezados mas onivoros
Sempre há tesouros sob a pedra
Assim, componho a poesia sem truques
Como pão feito agora para o café preto
Nei Duclós
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