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13 de julho de 2022

FEITO AGORA

 


Meu poema não gera espanto

Primeiro porque não tenho cacife para tanto

Vivo da mão para a boca

Como um pedreiro do subúrbio 

E não compareço na festa da cultura

Moro longe das experiências que fazem a cabeça dos contemporâneos

Estou sempre convalescendo

Na terceira idade lenta


Segundo porque ninguém se impressiona com mais nada

E prova generosas porções bizarras impactantes

Já estão servidos


Por isso fico na minha

Pesquiso a palavra perdida nos edifícios 

Nos livros desprezados mas onivoros 

Sempre há tesouros sob a pedra


Assim, componho a poesia sem truques

Como pão feito agora para o café preto


Nei Duclós

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