8 de janeiro de 2022

NAVALHA

 Nei Duclós 


Arrisco na oficina

Já gasta de tanto ofício

Duvido que reaviva

A chispa que alimente a trilha


Noto o fio cego da mavalha

Na longa noite de metais sujos

A mão que iluminou maravilhas

Apenas se pergunta 


Serei ainda o ogro do verbo claro

Ou viciei na lavoura do deserto?


Crie o que pinta, disse assim o anjo 

Exausto dessa minha rotina

De morar no céu a inventar o mundo

E não saber ainda qual o meu destino


Acredite, disse ele

Eu só existo porque és exímio

Em produzir o sonho no universo cinza

A revelar o verbo oculto em bruta mina

Mesmo que negues ser o escolhido 


Nei Duclós

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