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30 de dezembro de 2016

TOM HANKS E O HEROÍSMO



Nei Duclós

Vejo no Netflix The Charlie Wilson´s War (Jogos do Poder, 2007, de Mike Nichols) sobre o congressista americano que reverteu a favor dos EUA a guerra do Afeganistão (baseado em grande reportagem da CBS, mais tarde best-seller, do mega repórter e escritor George Criler).

Passo a régua do meu astro favorito Tom: ele sempre encarna o heroísmo. Não é apenas o recente Sully, sobre o piloto que salvou todos a bordo ao cair no rio Hudson. Teve o cara que liderou a equipe para resgatar o soldado Ryan, o Capitão Phillips e sua luta contra os piratas, o náufrago que conseguiu sobreviver e voltar para casa, o espião que fez a bem sucedida troca de agentes com a Rússia, o líder da equipe da Apolo 13.

Todos anônimos ou quase e que são homenageados pela performance do ator que encarna a pessoa que voluntariamente caminha em direção ao desconhecido, como diz ele ao conceituar o heroismo. Não escapa nem o Forrest Gump, heroi involuntário que costura vários momentos da América. Com forte carga de patriotismo, em que tudo é feito em nome da nação. Mas estamos falando de cinema, a arte sobre si mesma. Serve a interesses políticos, mas essa não é a essência do oficio.Vale o talento, a empatia, a performance.

Fica de fora naturalmente seus filmes menos significativos, como o Código da Vinci e outras derrapagens. Como empresário do ramo, faz qualquer negócio. Mas como ator está sempre às voltas com seu papel favorito, o do herói contemporâneo, misturado às multidões sem rosto e que nele, Tom, encontram suas melhor expressão.

Uma observação sobre Jogos do Poder: Tom contracena com Phillip Seymour Hoffmann, o único do filme indicado para Globo de Ouro (num elenco que tem Amy Adams e Julia Roberts). Tom pode ser o favorito, mas não é o melhor. Hoffmann bate forte.


SETE CIDADES

Nei Duclós

Morei em sete cidades,
com todas me desavim

O endereço é que está errado:
preciso mudar de mim.


29 de dezembro de 2016

O COPY DOS GÊNIOS



Nei Duclós

Editor de texto vive na sombra. Salva uma obra com suas orientações, cortes, competência, talento, fôlego. É o que mostra o filme Genius (2016, no Netflix) que o Brasil mudou para Mestre dos Gênios, sobre a relação profissional entre Maxwell Perkins, editor, interpretado por Colin Firth, e Thomas Wolfe,o nascido em 1900 (para diferenciar do homônimo nascido em 1940), interpretado por Jude Law.



Perkins é o cara que descobriu Scott Fitzgerald e editou também Ernst Hemingway. Uma lenda do ramo. O filme contrapõe a piração ególatra e solitária de Tom com a paciência e a concentração do afamiliado Max.Nicole Kidman é a desesperada mulher de Tom, inconformada por ele escapar das suas mãos depois de explorá-la emocionalmente antes de lançar o primeiro livro.

O filme reproduz trechos inteiros da obra de Tom. Há a maldição do copy que convence o autor a cortar e modificar seu trabalho e a intensa interação entre autor e editor, coisas pouco abordados no cinema. O editor de texto não se mostra e toda a glória da autoria vai para o escritor. Mas o editor tem sua parte decisiva no texto final e as pessoas não podem perceber pois é um trabalho anônimo, com raras exceções.

Copidescar textos comuns é uma coisa, um eito brabo. Pior é copidescar os gênios e ainda fazer inimizade com eles, pois ficam enciumados quando dizem que não são autores dos seus livros, atribuídos ao sujeito da caneta vermelha. Mas é o anônimo funcionário de olho no leitor e no mercado (seus livros eram best-sellers) quem nota os furos, tudo o que pode prejudicar uma obra prima. A começar pelo título.

Baita filme, magnífico. Recomendável de sobra.


28 de dezembro de 2016

OUTUBRO, 40 ANOS: UM CONVITE



Nei Duclós 

É vitorioso o projeto da segunda edição comemorativa dos 40 anos de lançamento do meu livro de estreia OUTUBRO. Numa edição limitada, conseguimos arcar com os custos com recursos próprio, patrocínios e pré-vendas. Relançar meus primeiros poemas neste início avançado do novo século em edição caprichada, de luxo, fac-similar e adicionada de fortuna crítica e as várias manifestações de entusiasmo e carinho dos leitores de mais de uma geração, marcou este ano anos 2016, que finda cercado de incertezas e polêmicas.

OUTUBRO é o resgate das origens de uma literatura nascida no front, que em vez de se entregar à pregação da violência, definiu-se a favor da paz mas com o espírito animado pela esperança e a vontade de vencer. Para homenagear esta obra que faz parte  de uma seleta da poesia brasileira, falta ainda a contribuição das pessoas que seguem aqui nas redes sociais a quantidade enorme de poemas que coloco para a leitura e interação e que ainda não adquiriram seu exemplar autografado.

Não é um encargo, é um convite. Faça como tanta gente que recebeu esta reedição de braços abertos: tenha OUTUBRO em casa, na cabeceira, ao seu lado. Escreva para mim nas mensagens aqui do face ou pelo email neiduclos@gmail.com

O valor é promocional de fim de ano: em vez dos 50 reais, preço de lançamento, agora são 40 reais o exemplar, que virá acompanhado de um livro brinde surpresa. É importante: una-se a este projeto vitorioso. Faça feliz o autor/editar que se mantém à tona na maré alta de um tempo que não dá trégua aos espíritos de boa vontade.


23 de dezembro de 2016

PASSO O QUE FICA, O NOVO EBOOK



Nei Duclós

Do final de 2015 ao final de 2016, publiquei estes poemas nas redes sociais e no meu blog. Trata-se de um balanço periódico para que o trabalho não fique disperso no universo digital. Reúno aqui poemas sobre tragédias – Chape, Aleppo,– mortos ilustres – Carlos Alberto Torres – atletas - Rafaela Silva.

E também crio versos sobre contratempos – quebra do pulso, cirurgias da pele, tristezas, luto – sobre o ofício da literatura, os sinais da natureza – ventos, nuvens, mar, pampa, montanha, planície –, sobre o tempo – o clima e também seus três filhos, passado, o primogênito, presente, o favorito, futuro, o caçula. E sobre política – o país aos pedaços e os vazios da esperança – a paz e a guerra.

Componho esse balanço para conhecer melhor um trabalho diário, permanente. O árduo ofício. Deus está vendo, mas também gosta de ler, imagino. Divulgo minha arte que busca a permanência. Passo adiante o que desejo que não nos abandone. Passo o que fica. É como a despedida numa estação de trem: fazemos a viagem, mas deixamos tudo de nós nas mãos de quem nos beija e acena.

O Autor

NEI DUCLÓS é escritor com 20 livros publicados entre romances, contos, crônicas, poesia, ensaios. É jornalista desde 1970, com passagens em importantes veículos de comunicação de São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Santa Catarina. É editor de texto e autor de reportagens em formato de livros sobre esportes, história, cultura e agronegócio. É formado em História pela USP desde 1998. Nasceu em Uruguaiana, RS em 1948 e mora pela terceira vez em Santa Catarina desde 2004. Em 2016, publicou a edição comemorativa dos 40 anos de lançamento do seu livro de estreia de poemas, Outubro, um cult celebrado por mais e uma geração.

PASSO O QUE FICA
Poemas
Nei Duclós
Edição do Autor, 122 páginas
Formato experimental em PDF para documentar em livro as postagens poéticas de um ano