OUTUBRO NA VIDA DO MEU FILHO

Daniel Duclós escreve:

“Deixa eu te falar de um livro - o primeiro do meu pai ( Nei Duclós), Outubro.

A história desse livro se confunde com a minha - temos praticamente a mesma idade e temos o mesmo pai. Crescemos juntos, rolando pelas casas que moramos. Li seus versos antes de saber ler, desenhei suas ilustrações no chão da sala e em incontáveis folhas de papel.

Meu pai nasceu em Outubro - o mês e o livro marcam a entrada de meu pai em dois mundos, terreno e literário.

O livro teve tiragem pequena mas influência enorme. Virou cult instantâneo, e as mais de quatro décadas de história transformaram o cult em Mito.

Foi citado, musicado, recitado, lido e redigitado na íntegra (eu fiz isso - digitei o livro inteiro no Word lá pelo começo dos anos 2000).

Onde foi aberto, ficou, já que os versos tem a mania de fugir do livro e criar vida própria, impregnando mentes por onde passam, deixando marcas enquanto usam as gerações para se reproduzir.

E se você tiver sorte, irá de encontro a eles em seu estado original em seu local de nascimento, o papel acompanhados das ilustrações de Claudio Levitan, tudo unido no projeto gráfico de Juarez Fonseca. O livro é um objeto lindo.

Sempre achei uma pena que pouca gente tivesse a sorte que eu tenho - de ter um exemplar em perfeitas condições, autografado pelo meu pai (e um dia eu gostaria de ter um autógrafo do Levitan também - ele não sabe a influência que as suas ilustrações, poderosas e simples, tiveram em mim).

Mas eu trago uma nova: Outubro chegou de novo. Foi lançada a edição comemorativa de 40 anos do Outubro, e você pode finalmente fazer parte do grupo dos sortudos e ter um exemplar autografado.

Não precisa esperar chegar nas livrarias - pede direto seu pro Nei Duclós - ele vai autografar e te enviar pelo correio.

O meu exemplar está a caminho de Amsterdam. Apesar de ser um grande fã da instantaneidade digital, esperar por um livro chegar na minha porta é um dos prazeres da vida.

Enquanto ele não chega, sento em casa no outono holandês e leio novamente Outubro, vasto e profundo, inesgotável como uma pessoa que conhecemos há quarenta anos e ainda nos surpreende.” (Daniel Duclós)