Nei Duclós
Vi A place in the sun (Um lugar ao sol), de George Stevens
(1951) e obviamente lembrei da cena da tentativa de assassinado no lago em
Sunshine (Aurora), de Murnau (1927). Duas situações idênticas: por estar
envolvido com outra mulher, o marido ou o amante leva a esposa ou noiva ao lago
e tenta matá-la. Ambos os marmanjos se arrependem e no filme de Murnau há o final
feliz,apesar do stress em toda a narrativa.
Já no filme de Stevens, Montgomery Clift, mesmo tendo
desistido da ideia, acaba sendo condenado pela morte de Shelley Winters (ambos
indicados ao Oscar). Foi um acidente, mas tudo conspirava contra ele pois de
fato tinha armado a cilada, só que não conseguia consumar o gesto e as coisas
se precipitaram. Na hora de o meliante desistir, o casal perdeu o equilíbrio e
afundou na água.
Cinema é sempre sobre cinema. O crepúsculo inspirado na
aurora. O sol no drama de consciência dos assassinos. O sol do amanhecer como
testemunha que flagra o iminente homicídio que não se consuma. E o sol que se
esconde para facilitar o assassinato que acaba acontecendo. No final do filme
de Stevens, o sol bate no rosto do condenado à morte. Era esse o lugar ao sol
que lhe cabia por ter querido ascender socialmente quando noivou com a garota
rica (Liz Taylor, maravilhosa).
Cinema é sempre sobre cinema..Stevens bebe em Murnau. Dois
gênios. Sem esquecer que o namoro entre Clift e Shelley acontece numa sala
escura da sessão noturna.. .
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