Nei Duclós
Pé na areia, joelho contra onda
Vela no cerzir do vento
barco à deriva
Brasa no almoço mais enxuto
mínima obra, a letra exposta
como cal em alvenaria
Nenhuma pompa na poesia
zero efeitos especiais,
sem sons esdrúxulos
Pão amanhecido na espera
enquanto o peixe não fisga
e atiça a ansiedade da infância
Verso sem invocações
pobre como Jó, que ressuscita
a nobreza da arraia miúda
A leitura se recusa
a celebrar o poema, prefere
a luz do sol, cedo, na praia
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