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6 de junho de 2015

ARRAIA MIÚDA



Nei Duclós

Pé na areia, joelho contra onda
Vela no cerzir do vento
barco à deriva

Brasa no almoço mais enxuto
mínima obra, a letra exposta
como cal em alvenaria

Nenhuma pompa na poesia
zero efeitos especiais,
sem sons esdrúxulos

Pão amanhecido na espera
enquanto o peixe não fisga
e atiça a ansiedade da infância

Verso sem invocações
pobre como Jó, que ressuscita
a nobreza da arraia miúda

A leitura se recusa
a celebrar o poema, prefere
a luz do sol, cedo, na praia


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