Nei Duclós
Uma seleta do meu livro PAMPABISMO & ENIGMINAS: CONVERSOS,
a propósito do 21 de abril.
TEJO
Minas, não me meto.
Deixo o encargo para quem
nasceu e se criou num gueto
de silêncios. Nasço para o
berro. É quando despenco
ao me debruçar demais sobre
o que não lembro. Queria fazer
parte desse apreço, ser de Minas
como esses monumentos, ser
talhado pelo estro destroçado
das igrejas. Ser como o percurso
entre Gonzaga e Tiradentes
Ter razão quando defende a terra
de ancestrais vindos do Tejo
CENTRO
Minas, qual o preço da
derrama em sólido
isolamento? Longe da
vileza que é viver entre
irmãos, soma de espelhos,
e encarar do alto apenas
o rosto herdado em desavença.
Medo de ser menos do que
Minas, mais do que precisa
E ficar condenado a existir
Sem outra comunhão a não
ser consigo mesmo. Tonsura
sem encanto na presença e a
inútil queda sobre o centro
MIRAGEM
Minas, assim mesmo te canto.
Enigma que me diz o quanto
nada saberei nesta linhagem
Representar o impossível amor
cevado pelo poema diante do
nada é a maneira de esquecer
a dor premeditada. Quero ser
teu, mesmo que isso custe a vida
Ninguém me disse o que fazer
Nem me mostraram o lugar
onde a revelação se pronunciava
Remendei os fios da fuselagem
no cosmo dessa nave. Minas
não há, apenas sua miragem
NEI DUCLÓS
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