13 de julho de 2014

POUSO



Nei Duclós

Já que estão bem encaminhados
e ocupam todo e qualquer espaço
cheios de competência e alarde
me deixando só em radical silêncio

Então deve haver um lugar especial
um céu que me receba, Deus proteja
rodeado pelo horizonte da planície
e o frio encilhado pelo fogo de chão

Lá onde possa pousar o desconforto
de não ter nenhum lugar ou chance
Reconhecido apenas pelos pássaros
que formam um comboio de sons

Com o pensamento nuvem flutuando
entre sangas e flores ainda receptivas
e o ruído nas árvores estalando sonhos
de quietude da memória e da infância

Nesse acampamento, rude e remoto
estarei com os pés inchados de andar
e o corpo lanhado pelos ferimentos
Será meu momento, eterno e espesso

Nosso recomeço, no limite do exílio
mas mergulhados na sombra fiel
do sentimento, que o mel do amor
destila no esperançoso coração

RETORNO -  Imagem desta edição: foto de Marga Cendón.

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