Nei Duclós
Sou
menos do que escrevo. És mais do que te leio.
Aguardo
o vento prometido, vindo de uma porção leste do teu conflito.
O
amor é um lenço que deixas cair porque perdeste a pista das lágrimas. Alguém
colhe do chão e te alcança, para que chores de novo.
Pisas
no coração alheio por ser fiel a ti mesma. Solidão que cobra a conta enquanto o
tempo te observa, princesa.
Pensei
em te querer, mas talvez na outra vida. Por enquanto somos apenas folhas soltas
no outono que se anuncia.
Nos
movemos na cultura, no acervo, não na ruptura do verbo. Resgato cenas para
podermos nos sintonizar na mesma melodia.
Tão
bonita que sinto pena pela perda de tempo. Havia mundo antes de te conhecer?
Vives
de poesia, pão que sempre te falta por mais que sirvas. O único sustento são os
olhos de quem escuta teu som de veludo
O
desamor arma a calúnia. Não finja entrega quando sua intenção é ferir no
momento em que atrai a doçura.
O
amor nos faz falar a verdade.
Não
me aproximo para o mundo permanecer intacto, detonadora de fôlego
Achas que me repito quando digo o que não cala. Não
faço exercícios antes de navegar em tuas águas.
Ligamos
na tomada. Não precisava, já tínhamos eletricidade.
O
amor, paguei caro. O adeus foi de presente.
Provocas
fazendo cara de paisagem. Desconversas quando a avalanche desperta. Dás dura
porque nada tens a ver com isso. Por dentro gargalhas, deliciosa. Finges não
ter noção, arraso de comportas..
Delicada
presença, inaugura o mundo terno. Prudência da beleza, vocação de espanto.
Doçura compartilhada, visão suprema. Lembro quando vejo a comunhão de um cosmo livre de tormentos.
Doçura compartilhada, visão suprema. Lembro quando vejo a comunhão de um cosmo livre de tormentos.
Rodeada
por quem te admira, amigos, família, tens uma falta mordendo como isca. É a
lembrança daquele dia em que fizemos arte.
A
cama vazia suspensa na imaginação em ambiente cinza. A espera de um raio de
luz, que nem vem da manhã, mas da tua alegria.
Células
que se avizinham, tocam paredes permeáveis, se modificam e criam algo mais
denso, o sentimento tomando forma na neblina.
Essa
amizade em direção à planície. A fonte da montanha que se adapta como rio. Esse
toque profundo como se nada existisse. Esse enigma, o amor que não é dito.
Mergulhas
nas águas infinitas do teu dia. Eu fico só na superfície. Não atino respirar
onde realmente vives.
O
trapezista tirou a bailarina para dançar. Equilibrismo no arame virtual da
poesia.
Liberei
o sonho dos compromissos. Ele foi atrás de ti, omissa.
Me
descubra por baixo do pano. Sou o saltimbanco ainda se preparando. Leve embora
o script que eu improviso.
Não
me deixe com os braços vazios. Nem o mar caberá nesse vale sombrio.
Nem
o mísero sol te compensa, beleza posta em glória. Te bastas com esse ar de
vitória.
PLANTA
SEM SERVENTIA
Tirei
férias de mim. Volto quando voltar.
Meu
gesto não faz parte da biografia. Ele está solto, como planta sem serventia,
que medra no penhasco diante do mar em fúria.
Fui
deixado para trás, por prudência. Preferiram o centro do salão enquanto eu
compunha, anônimo, a próxima sinfonia.
Perdi
tantas vezes que acabei em ganho. Reduzi o espaço da desesperança.
Não
me diga quando não escutas. Não se ache quando te procuro.
Meu
desejo é quando consentes. Fora disso, impera a distãncia.
Água
fria contamina o clima. Mas serve, para evitar o drama.
Os
laços são os que criamos no convívio, seja ele qual for.
Viajei
para a remota constelação de origem, lá onde funciona a forja do céu noturno.
Sou
o que sinto e falo e não o que diz o registro. Somos criaturas em permanente
batismo.
O
que fizeste da vida? Fizeste a ti mesmo. És tua própria obra que deixarás de
herança
para a memória
para a memória