5 de março de 2013

INDIVÍDUO



Nei Duclós

Indivíduo, enredo na pronúncia
é uma dívida que temos com o tempo
pagamos no desfecho, viagem silente
barca sem volta, moeda de Caronte

És tua memória, verdadeira fonte
levas embora o que não te pertence
esse poema é o único patrimônio
permitido na passagem além da conta

Não clone minha história, fogo da época
não tens acesso, vampiro de outras almas
fosso no castelo, já levantei a ponte

Dentro de mim o sonho fez misérias
moldou meu perfil de vento e mármore
Sou a estátua em tua perdida praça


RETORNO – Imagem desta edição: obra de Edward Hopper.