Nei Duclós
Só um cego do amor te deixaria
erma de harmonia, como o cisne
que se suicida, desperdício da pluma
em lago eterno, tua flor mais íntima
Alguém que não enxerga o precipício
onde te atiras quando brotas fundo
ser de outra estirpe, no arame frio
equilibras o espírito sobre as águas
Bates na indiferença tua boca ardida
trilha do sumo pela terra seca, paraíso
posto à mercê de uma víbora, arcanjo
que te socorre implorando que fiques
espada contra a divina amargura, ira
civilizas a Criação, esse vulcão extinto
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Gustave Doré.