Nei Duclós
Foi preguiça. Nelson Pereira dos Santos (que dividiu a direção com Dora Jobim, neta do compositor) pôs no ar o copião
do seu filme, que poderia ser um documentário e é apenas uma sucessão de vídeos
já conhecidos, com algumas raridades. O melhor é o de Samy Davis Jr. em
Desafinado, o único estrangeiro que entendeu a bossa nova como sendo samba. Tem
momentos preciosos como os clássicos com Sinatra, Judy Garland, Ella
Fitzgerald, mas há várias performances de intérpretes do segundo time, que
desconhecem o sentido das palavras que estão cantando.
A identificação dos intérpretes, músicos e a época aparecem
só no final, quando daria alguma trabalho proveitoso para o espectador colocar
essas informações no início de cada interpretação. O cineasta se justifica
dizendo que não pôs texto para não atrapalhar a música e impôs o álibi perfeito
de uma frase de Tom de que a música basta, é suficiente. Num documentário não é
não. Deveria suar um pouco a camisa. A música "segundo" Tom Jobim não signfica que não se possa trabalhar o filme com uma estrutura de documentário em vez de uma sequência de números musicais.
Nelson promete o segundo filme só com entrevistas com e
sobre o maestro. Chame um americano para fazer a montagem, senão fica muito
amador. Os americanos transformam os assuntos mais banais em documentários
épicos e assombrosos. Com Tom seria uma festa. É preciso sentar na edição por
longo tempo e fazer algo em relação ao material recolhido. Não pode é optar por
uma espécie de sessão de slides pontuados com a melhor trilha musical do mundo.
É pouco.