Nei Duclós
O verso é o eco do coração que grita.
Estão abertas as comportas do poema.
Basta conviver com esse acervo sem querer tirar dele o que ele não tem, ou
seja, a secura da pose e as falsas riquezas do mundo.
Quero que ligues meu nome à leveza
do ar quando o verão enfim se resolve como estação sem dor.
O dia que amanhece é teu rosto
iluminado pelo amor, pão trabalhado na massa fina do desejo.
Solidariedade não é livrar-se dos
restos, é doar o que faz falta.
Começa cedo. Sabe como termina.
Tudo já foi dito. A palavra atingiu
o limite. Basta agora colher-te, flor arisca.
Amor é a maior viagem. Quando pega
fundo só dizemos bobagem.
Não esqueça a origem do verso. Tem
alguém que ele acoberta.
Querer, para o mundo fazer sentido.
Único antídoto para tardes intermináveis e noites sem sono.
Por que não me escreves um poema?
disse ela para o engenheiro. Deixo cair as pontes quando te beijo, disse ele.
Me pegaste direitinho, disse ela bem
baixinho.
Quando tudo parece perdido, teu
encantamento faz retornar o mundo que sonhamos.
Fique pertinha, jóia, agora que te
aproximas. Encaixe na fantasia, felicidade quando tudo é impossível.
Dividi um verso para cada musa. Elas
reclamaram, confusas.
RETORNO – Imagem desta edição: Joan
Crawford.