17 de fevereiro de 2013

ECO



Nei Duclós

O verso é o eco do coração que grita.

Estão abertas as comportas do poema. Basta conviver com esse acervo sem querer tirar dele o que ele não tem, ou seja, a secura da pose e as falsas riquezas do mundo.

Quero que ligues meu nome à leveza do ar quando o verão enfim se resolve como estação sem dor.

O dia que amanhece é teu rosto iluminado pelo amor, pão trabalhado na massa fina do desejo.

Solidariedade não é livrar-se dos restos, é doar o que faz falta.

Começa cedo. Sabe como termina.

Tudo já foi dito. A palavra atingiu o limite. Basta agora colher-te, flor arisca.

Amor é a maior viagem. Quando pega fundo só dizemos bobagem.

Não esqueça a origem do verso. Tem alguém que ele acoberta.

Querer, para o mundo fazer sentido. Único antídoto para tardes intermináveis e noites sem sono.

Por que não me escreves um poema? disse ela para o engenheiro. Deixo cair as pontes quando te beijo, disse ele.

Me pegaste direitinho, disse ela bem baixinho.

Quando tudo parece perdido, teu encantamento faz retornar o mundo que sonhamos.

Fique pertinha, jóia, agora que te aproximas. Encaixe na fantasia, felicidade quando tudo é impossível.

Dividi um verso para cada musa. Elas reclamaram, confusas.


RETORNO – Imagem desta edição: Joan Crawford.