19 de fevereiro de 2009

PAULA, UM CASO HERZOG NA SUÍÇA





O partido assumidamente nazista que domina a justiça e a polícia na Suíça armou uma arapuca para a brasileira agredida. O caso é político e envolve a segurança nacional lá deles. O partido está em pleno processo de referendum para aprovar leis rigorosas de xenofobia contra os migrantes. Segundo uma delas, o imigrante ilegal flagrado vai para a cadeia e é expulso do país, junto com o resto da família. A agressão a Paula colocaria todo o esforço xenófobo a perder. No dia em que Paula foi agredida, milhares de cartazes mostrando os imigrantes como corvos forravam o país.

Existem muitas ligações com o caso Vladimir Herzog. Flagrada no assassinato de um jornalista, a ditadura brasileira forjou o suicídio (auto-imolação), mostrando inclusive fotos do pretenso atentado contra a própria vida. Flagrados num bárbaro atentado contra uma mulher, advogada, estrangeira legalmente no país, os nazistas suíços se desesperaram, acharam que tudo iria por água abaixo. Então reverteram a situação, forjaram a tese de auto-imolação e até mesmo estão agora surgindo “provas” como um depoimento (ilegal, segundo o advogado da família de Paula), pretensamente assinado por ela assumindo a culpa.

A imprensa marrom da Suíça , conivente e cúmplice , deita e rola, dizendo que a brasileira forjou o atentado para ser indenizada. Mulher rica, bem posta, com relacionamento estável, não iria se submeter a uma barbárie com resultados duvidosos. Isso não cola. O que impressiona não é a cara de pau das falsas versões, mas o acovardamento do Brasil, tanto por parte da imprensa (li artigos cheios de vergonha de sermos brasileiros), quanto do governo.

O autor do furo, Ricardo Noblat, explicou no Comunique-se que agiu corretamente ao fazer a apuração rigorosa da denúncia , defendendo a divulgação de um crime hediondo. Disse também que os outros jornais repercutiram depois de as devidas checagens. Então é mentira essa história que foi uma barriga e que isso é vergonhoso e tal. Foi uma reportagem de denúncia, que a política nazista atualmente no poder da Suíça distorceu em favor de seus próprios interesses, como fez aqui a ditadura no caso Herzog.

Agora Paula está sendo indiciada por falso testemunho e por ter tentado enganar a polícia. Imaginem uma bomba desse tamanho: Paula de Oliveira, numa prisão por três anos. Isso é dinamite pura. É um crime que está acontecendo e o Brasil não deveria ser tão covarde, tão cheio de remorso e culpa, tão cúmplice. Os sujeitos mentem e todos ficam calados, pedindo perdão? Paula foi agredida, atacada, quase morreu. O atentado arruinou sua vida. A versão de que tenha se auto-imolado é mentira. É a partir daí, da primeira e correta percepção do fato, que o caso deve ser encarado.

Ou vamos abandonar Paula, assim como Herzog foi abandonado em plena ditadura? Paula Oliveira, estamos contigo.

RETORNO - 1. Imagens desta edição: Paula Oliveira e Vladimir Herzog. No fundo, a ditadura é a mesma. Por isso os métodos se parecem. 2. Deu no Comunique-se: "O jornal suíço Weltwoche, com informações que diz ser de confissões de Paula Oliveira à polícia local, afirma que a advogada sustentou a tese de que tinha sido vítima de um ataque neonazista para conseguir uma indenização. O valor, segundo o jornal, seria de R$ 200 mil. A Justiça suíça decidiu não se pronunciar sobre a revelação do jornal. "

Meu comentário à notícia é a seguinte: "Em troca de 200 pilas uma advogada de multinacional, de família rica iria encher o corpo jovem de cortes, criar um problema internacional, destruir a própria carreira, arriscar o casamento e ainda ficar uma semana sangrando no Hospital? Parece a versão da polícia no caso Herzog: a vítima se auto-imolou! " E acrescento aqui: 200 mil reais é, por baixo, o custo das operações plásticas a que Paula terá de se submeter. Quer dizer, contem outra. Essa não colou.

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