15 de junho de 2008

SE OS PORTUGUESES PUDERAM


Nei Duclós

Se os portugueses puderam
Eu, que sou fera, navego

Barco se quebra cedo
Antes que avistem terra

Em naufrágios de mim mesmo
Na espinha do mar surpreso

Estou no leme, esfrego
Areias de sal e ferro

Dobro grutas de tormenta
No Tempo que faz estrago

Deus! Meu canto é cego
Não viu o morto poema

Carregado como incenso
Nos funerais de um segredo

Deus, que fomos expulsos
Das narrativas a esmo

Em que os poetas remavam
Para converter as correntes

Se os portugueses puderam
Eu, que sou duro, mantenho

A mesma rota de pano
Em direção ao eterno

RETORNO - Poema feito hoje, inédito, para compensar os dias secos.

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