Olhar sampacu, de perfil, para o infinito, baforadas sob lentes grossas, eis o pseudo que se acha o próprio Sartre e adora algumas frases feitas, todas elas execráveis, mas que são identificadas como o supra-sumo da testosterona. Como tem muita gente que acredita em formador de opinião, milhares de clones imitam os mesmos gestos e repetem as mesmas frases, como se fossem a quintessência da sacada cheia de veneno e charme. Como não cansam de repetir, resolvi entregar. São elas:
O MAIS BELO ANIMAL DO MUNDO
Frase atribuída a Ernst Hemingway, que comentava Ava Gardner. Apesar do mau gosto da frase, parece que acham o máximo. A resposta a esse tipo de boutade é: o mais belo animal do mundo é o ursinho de pelúcia que você guarda na caixa de papelão escondido da esposa, seu cretino de merda. Deixe fora disso a Ava Gardner, que pastou na mãos de machões execráveis (trocava demais de homem, sinal que eles eram ruins de cama).
NÃO ME FALA AO PAU
As coisas (textos, filmes, livros, jornais, quadros) falam ao falo, segundo os adeptos dessa imundície frasística. Ou seja, isso não toca o coraçãozinho assustado do sujeito, mas como ele não quer dar o braço a torcer, então disfarça dizendo que as coisas são analisadas segundo os parâmetros da sua pretensa paudurescência. Significa também que só existe uma forma de se sensibilizar com algo, e isso está abaixo da cintura.
ESCREVER A QUATRO PATAS
Uma parceria de texto é encarada assim como um exercício animal, pois a quatro mãos seria assunto para pianistas. Várias vezes flagrei essa excrescência em redações que sumiram no tempo, felizmente. Quem dizia isso eram os veteranos. Como me aproximo dos cem anos de idade, os caras devem ter uns 200 hoje. Mas ainda a frase me incomoda.
AQUI SOMOS UMA FAMÍLIA
Quanto mais destroem o reduto familiar, enchendo o saco dos noivos com gracinhas, dos cônjuges com cobranças (mas ela trabalha? mas ele trabalha), das crianças com advertências (ih, que malcriado, mas que cabelinho ruim); quanto mais reduzem os espaços dos apartamentos, arrocham os salários, infernizam as condições de vida; mais gostam de dizer, “mas aqui no trabalho somos uma família”. Família é outra coisa e mora em casa, não no escritório. Uma corruptela disso é o “a bem dizer aqui é minha casa”. É quando os jogadores de futebol, ou os torcedores, falam dos estádios dos seus times. A bem dizer um bom cacete.
CRISE EM CHINÊS É OPORTUNIDADE
Também já comentei esse troço, mas como agora decidi fazer textos em pílulas, não pode faltar. É que não cansam de usar essa, por que será? Todo mundo acredita que a merda que acontece significa algo bom, e não algo ruim? É a mesma história do sonho que não morreu, o ano que não acabou, Elvis vive (o cara está morto, pelo amor de Deus). É a incapacidade de lidar com as perdas. Ou com as “percas”, como costumam dizer em público. Ouvi essa no velório de um jornalista. “Foi uma perca muito grande”. Não copidescam nem nos funerais. Já pensou quando alguém importante morrer? “Essa perca desencadeia uma crise, mas vamos encarar como oportunidade”, dirão os herdeiros.
RETORNO - Imagem de Hoje: Ava Gardner, grande "perca".
O MAIS BELO ANIMAL DO MUNDO
Frase atribuída a Ernst Hemingway, que comentava Ava Gardner. Apesar do mau gosto da frase, parece que acham o máximo. A resposta a esse tipo de boutade é: o mais belo animal do mundo é o ursinho de pelúcia que você guarda na caixa de papelão escondido da esposa, seu cretino de merda. Deixe fora disso a Ava Gardner, que pastou na mãos de machões execráveis (trocava demais de homem, sinal que eles eram ruins de cama).
NÃO ME FALA AO PAU
As coisas (textos, filmes, livros, jornais, quadros) falam ao falo, segundo os adeptos dessa imundície frasística. Ou seja, isso não toca o coraçãozinho assustado do sujeito, mas como ele não quer dar o braço a torcer, então disfarça dizendo que as coisas são analisadas segundo os parâmetros da sua pretensa paudurescência. Significa também que só existe uma forma de se sensibilizar com algo, e isso está abaixo da cintura.
ESCREVER A QUATRO PATAS
Uma parceria de texto é encarada assim como um exercício animal, pois a quatro mãos seria assunto para pianistas. Várias vezes flagrei essa excrescência em redações que sumiram no tempo, felizmente. Quem dizia isso eram os veteranos. Como me aproximo dos cem anos de idade, os caras devem ter uns 200 hoje. Mas ainda a frase me incomoda.
AQUI SOMOS UMA FAMÍLIA
Quanto mais destroem o reduto familiar, enchendo o saco dos noivos com gracinhas, dos cônjuges com cobranças (mas ela trabalha? mas ele trabalha), das crianças com advertências (ih, que malcriado, mas que cabelinho ruim); quanto mais reduzem os espaços dos apartamentos, arrocham os salários, infernizam as condições de vida; mais gostam de dizer, “mas aqui no trabalho somos uma família”. Família é outra coisa e mora em casa, não no escritório. Uma corruptela disso é o “a bem dizer aqui é minha casa”. É quando os jogadores de futebol, ou os torcedores, falam dos estádios dos seus times. A bem dizer um bom cacete.
CRISE EM CHINÊS É OPORTUNIDADE
Também já comentei esse troço, mas como agora decidi fazer textos em pílulas, não pode faltar. É que não cansam de usar essa, por que será? Todo mundo acredita que a merda que acontece significa algo bom, e não algo ruim? É a mesma história do sonho que não morreu, o ano que não acabou, Elvis vive (o cara está morto, pelo amor de Deus). É a incapacidade de lidar com as perdas. Ou com as “percas”, como costumam dizer em público. Ouvi essa no velório de um jornalista. “Foi uma perca muito grande”. Não copidescam nem nos funerais. Já pensou quando alguém importante morrer? “Essa perca desencadeia uma crise, mas vamos encarar como oportunidade”, dirão os herdeiros.
RETORNO - Imagem de Hoje: Ava Gardner, grande "perca".
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