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27 de maio de 2005
LIGAR O DESCONFIÔMETRO
O prefeito José Serra foi apresentado à Marginal Tietê inundada. Levou fotógrafos. Lembro governadores que visitam favelas no lugar de transformá-las em bairros com toda a infra-estrutura (o que não é difícil, basta deixar de desviar o dinheiro). Lula é acusado na Folha de servir de pistoleiro dos EUA no Haiti e aproveita para trazer o problema nuclear para o Brasil, na sua visita à Coréia (onde fez um gesto de punho fechado sugerindo que é um cara com muita tesão, já que comentava assim um certo afrodisíaco num feira de lá). Ao mesmo tempo, a Folha desanca o governo numa sucessão de manifestações do pensamento único. O governo é tudo o que vemos e dizem, mas a mídia tem responsabilidades políticas. Está chamando o golpe de estado, como já ameaça acontecer na Bolívia.
GOLPE - As vivandeiras de quartel são assim: no lugar de respeitar as Forças Armadas (e convencê-las a não entrar no barco furado do Haiti) na hora em que o governo enfraquece ficam chamando o pior. Golpismo, sim. Lutar contra a ditadura disfarçada de democracia não é simplesmente derrubar presidente. Isso a direita faz. É pressionar o sistema a atender a população, é transformar em lei o que funda a soberania.
NEVE - O Brasil não foi feito para chuva. Imaginem se nevasse. É, vejam só, que coisa, nevou, não há o que fazer, vai tudo ficar soterrado mesmo, infelizmente o governo não pode fazer milagre . Ou: Pois é, seu repórter, perdi tudo com a neve, morreram todos aqui e por sorte o sr. chegou com um chocolate quente. No lugar de colocar toda uma infraestrutura para enfrentar as chuvas periódicas, que isso é função do governo, deixam a população à mercê das intempéries. Somos um acampamento, não uma nação. Um amontoado de gente, jamais um povo (isso é coisa de pobre). A direita anda assanhada. Na Bolívia, jovens oficiais vão à TV para resgatar o velho salvacionismo militar. Andamos sempre para trás. Como não resolvemos o básico, perdemos uma chance como esta em que poderíamos provar que a democracia funciona, bastava não entregar o país e cuidar dos fundamentos de uma vida civilizada (tudo aquilo que falam em campanha, estradas, saúde, educação, transportes, energia, distribuição de renda, oportunidade para todos, habitação popular etc.)
ESTRATÉGIA - Somos piores do que caranguejos. Estes ao menos andam para todos os lados e para trás por uma questão estratégica, para não tirar o olho do inimigo. Nós, não. Adoramos repetir os erros em forma de tragédia. Não adianta rebaixar as margens do rio ou colocar uma chata tirando o lodo do fundo, como aconteceu durante anos. É preciso fazer algo maior e mais profundo.
RETORNO - 1. O escritor Daniel Duclós, o daniduc, chega com a esposa Carla para uma visita. É um privilégio para o Sitio do Capivari, onde impera o ermo. Aqui estamos também com Dona Sueli, minha sogra. Todos vieram conhecer minha neta, Maria Clara. 2. Média de três textos novos por dia, o site está a mil. Visite, inscreva-se, assine o livro.
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