Nei Duclós
A dança do flamenco são gestos de ameaça
De corpos que giram e se retorcem
Como a buscar ou livrar-se de alguma coisa
E quando encontram jogam o rosto para cima
E quando perdem se atiram em abismos Invisíveis
O ritmo metálico do sapateado é de um coração dentro e fora do compasso
Os braços voam imitando os pássaros
E os dedos escolhem no ar pérolas amontoadas
De longe parece um surto
não fosse a extrema beleza desta arte
Impulsionada por gritos e guitarras
E pontuada por vozes que se espicham até o delírio
Pois o destino da dança exercida em palcos, casas e praças
é atingir o impossível para criaturas datadas
O êxtase, que fica preso num gesto fulminante
Num rompante que ilumina a cena humana
E só a palavra sem raízes, adventícia, estranha
Poderá abraçar além da conta
Nei Duclós
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