12 de dezembro de 2022

SOFÁ

 Nei Duclós 


Proibida

Por ser próxima e distante

Amarra o corpo no olhar mendigo

Por onde passa, cheiro do levante


Mais não digo

Sob pena de cometer um crime

Acre pele de feminino lance

Requebras sem querer e nenhuma chance


Na curva providencio o bote manso

De fera amanhecida no desejo

Ligo os suspiros com sutil arame

Forço a conduta, bruto na vergonha

Finges surpresa, delícia atrás do morro


Ainda caio na tentação do sonho

Enquanto levantas o rosto indiferente 

A me atribuir as piores intenções que escondes

Ao trocar as pernas no sofá de vime


Nei Duclós

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