18 de janeiro de 2017

DIAS REMOTOS




Nei Duclós

Ficou a imagem, não a identidade
lembro a criatura, não a pessoa
o resquício jaz na caixa anônima
mas nítido na moldura da retina

Quem é você, estátua ainda viva
que desafia o olho que vive à toa
passamos sem notar todas as pistas
mariposas mortas ao redor do fogo

Chuia do tempo de renovada força
sobrevivente aos embates do sonho
tudo seca, mas algo significa
como charada de oculto tesouro

Cavo na areia o nome que se esfuma
a biografia escassa que não registro
sinais ao leste, pás que me consomem
a chance perdida em dias remotos


 

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