Nei Duclós
Vi no Netflix O Homem Irracional (2015), de Woody Allen, em
que um sujeito enojado de tanto saber filosofia parte para o crime inspirado em
Dostoiewsky.Com Joaquin Phoenix e Emma Stone. A especialização do conhecimento
leva a uma overdose de tédio, que procura uma saída. a transgressão. Bom.
Allen tem a capacidade de denunciar o vazio acadêmico
casado com relacionamentos fracassados. A pose dos personagens e diálogos e a
ingenuidade de quem se deixa envolver por um ambiente metido a besta reforçam a
denúncia, mas o diretor acaba se confundindo com seu alvo. É tido como pedante,
quando ele o execra.
Phoenix está patético fingindo que nem está ainda para as
mulheres, quando passa o tempo todo no jogo pesado da sedução, com sucesso. Mas
como é um ambiente cool, ele faz tudo para parecer o contrário. É como Tony
Curtis em Some Like it Hot cercando Marilyn Monroe fingindo-se de
impotente. Emma Stone é a aluna que não sabe com quem está se metendo, ou acha
que sabe e acaba entrando numa sinuca de bico.
No fim, as referências de Allen não são a filosofia nem a
literatura, que são só escadas, mas o cinema. Só que seus filmes funcionam como
livros, como romances contemporâneos em ambientes intelectuais, que é um tema
recorrente em vários autores de sucesso..
Já escrevi bastante sobre Allen, mas como ele não para de
filmar, sempre temos algo a acrescentar. Menos mal.
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