Nei Duclós
Não é para interagir com o gênio
porque ele vem completo e se pauta
pela música das esferas.
Você o acolhe no escasso espaço
da sua casa e aguarda que se rompa
o limite da obra, quando se espalha
o milagre do qual você não discorda
nem concordas. É apenas o rastro
do passo que o gigante elabora
e ergue diante do céu, como Apolo
que protege Gaia e nos ameaça
Não se trata de servidão, mas de toque
te alimentas do que ele nos traz
sem misericórdia. Esse reflexo mudo
de uma tempestade de luz, o raio
que rasga o infinito exposto em nuvens
a louca mansidão de uma consciência
profunda, as camadas atingidas
até a última gota do orvalho misturado
ao mel das horas. O coração que se renova
sem que o dia dê um pio sobre os fios
dependurados numa árvore de sábia revolta
RETORNO - Imagem desta edição: Apolo, no Louvre.
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