Nei Duclós
Escrevi só para acompanhar tua
imagem. Assim encontro companhia para a solidão do verso.
Te exilas em neves remotas, enquanto
compartilha o calor da tua lembrança.
Me declaro porque me perco. Assim te
achas, soberba.
Flor tens em guarda. Não aparece a
não ser quando vais embora.
Quantas bandeiras compõem um aceno?
Não se recolha, roçar de rendas.
Aposte na minha insônia.
Estou piorando. Mas você está cada
vez melhor.
Malvada. Levantaste a cortina por
puro ciúme. Mas há algo maior sobre as águas.
Teu bom dia é esse olhar metido, de
quem derruba falsos sorrisos e me amarra em definitivo. Porção generosa de uma
verdade funda.
Fuja para a viagem. Sou o passageiro
que embarca na estrada. Sento ao teu lado, explosão que te toca.
Não haverá piedade diante do corpo
que se debate. A doçura faz parte da vazão das comportas. Chore porque tudo
pega fogo no verão que se despede. Assim poderás apagar o sol, mas não essa
vontade.
Te mergulho na tarde com a palavra
que aperta. Trema, que será forte
Bela diante do lago, és a sintonia
de uma doçura que abre um claro no corpo endurecido.
Fica, sereia que me visita. Fica,
ombros de brilho.
Não pergunte o que é o amor. O amor
é uma resposta.
Não entendo teu comportamento
invasivo. Só porque te dei um beijo no escuro.
Falei o óbvio, só para manter a
conversa. Perguntaste por que e tudo então desandou. Desequilibras, por puro
hábito.
RETORNO - Imagem desta edição: foto enviada por Eliane Fogel.