Nei Duclós
Arrisco dizer, mesmo que não tenha
a palavra se disfarça na indiferença
convence que somos calados sempre
para dividirmos o nada, única presença
Falo o que não devo por faltar certeza
esperar o momento que jamais chega?
ou quebrar a noz em meio ao silêncio
quando todos na casa cedem ao medo?
Balbucio ignoto alfabeto, tribo estrangeira
brincam os sinais em mãos não treinadas
formo a confusão em límpida parede
Borro manchas de poemas, ainda verdes
respiram pela luz que cultivo incompleto
broto misterioso que os anjos aproveitam
RETORNO - Imagem: foto enviada por Eliane Fogel.