2 de dezembro de 2011

ONDE ESTIVERES, LIBERTA


Nei Duclós

Onde estiveres, liberta, serei teu laço, na certa. Onde disseres: te quero

A vida é esse demorado mergulho em que só voltamos à tona quando o amor nos avisa que há tempos acabou o ar

Me acostumei ao teu silêncio. Aprendi a amar contigo calada. Se disseres algo, meu coração dará um pulo. Mas não será barulho e sim suspiro

Não posso falar mais. Lotei a cota das palavras. É difícil sentir sem o auxílio do verso. Mas aprendo contigo e vou tentar. Ficarei mudo nas tuas águas

Não era para me fazer feliz. Agora não consigo mais voltar ao meu refúgio. Nem chegar à altura do teu beijo

O poeta escreve diretamente do coração de quem lê. Lá ele escuta

Sempre que a névoa some tenho esperança que voltes. Espanto fiapos da bruma, mas só se revela a estação vazia, iluminada pelos teus olhos que não chegam

Colocas o encontro nos eixos. Um por dia, quando há vento. Embarco até o horizonte. De lá, somes. Toda vela que vejo é uma porção do desejo

Não entendi direito. Fiquei trêmulo. Espero decifrar o bilhete, mas a tinta sumiu com o tempo. Ondes estás e o que dizes, no palimpsesto?

Não consigo mais segurar. A Caixa de Pandora emperrou e seu infinito acervo tomou conta do ar. Levem-me para um canto qualquer de Paris!

Quando acabar essa fase e eu sair do transe, não saberei dizer o que houve. Olharei teu retrato perguntando quando conheci a perfeição

Não há vencedores no jogo da sedução.Todos perdem.E o resultado é uma viração em alto mar, quando acordamos de repente jogados fora do barco

Só um último beijo antes de partir. Leve contigo o que mais te busca: minha boca perdida por saber-te oculta, mulher que me conquista

Quero fazer parte do teu sentimento. Num canto qualquer em que possa morar em ti. Me encarrrego da brisa que passa a mão nos teus cabelos

Já guardei tua foto. Pode trocar. Vou me jogar no asfalto, mas acho que agüento

Fiquei vazio quando teu único sinal me mostrou um horizonte maior do que minha janela. Acho que te perdi antes de te achar

O problema do sonho é que ele é intermitente, não tem a intensidade de uma chuva, não demora como um beijo e a toda hora se distrai


RETORNO - Imagem desta edição: Marilyn Monroe

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