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14 de julho de 2011
O FUTEBOL E A MIDIA SEM FUNDO
Por algum motivo, perdi o jogo do Brasil com Equador em 13 de julho de 2011. No dia seguinte, quero ver o que aconteceu. Os “textos” da cobertura obedecem à nova estrutura, ou seja, empilhamento de frases que nada tem a ver umas com as outras, repetindo jargões e não dando informações substanciais. Não sabia que Maicon, um dos pilares da seleção de Dunga, tinha sido convocado. Pois foi, jogou e ajudou a decidir, pelo que vi num lance de gol do Neymar. Consigo ver precariamente no you tube os melhores momentos, mas muitos vídeos estão censurados pela empresa dona dos direitos. O Equador me pareceu uma galinha morta, mas depois vi que eles foram bem perigosos, pressionando bastante. Ou não?Não dá para saber. Sei que foi 4 a 2 para o Brasil, e que os goleiros falharam duas vezes. Julio Cesar levou um frango e o deles bateu roupa num lance decisivo.
Não é sobre o jogo que quero falar, apesar de não resistir à tentação de abordar a celebração dos gols, que são feitos com gestos exagerados fake, como se os argentinos agora fossem o modelo de comemoração, os hermanos que vibram como se festejassem um assassinato. Descobri porque. No futebol, jogo coletivo, um gol dificilmente é de autoria solo, é fruto de um conjunto. Mas o grupo precisa caçar o finalizador para também pegar uma parte do crédito, pois o sujeito foge de todos, dá até tapa para então urrar sem nenhuma concorrência, e sacudir a cabeça, cerrando os punhos, como fez Pato Berlusconi. E todos jogam os dedinhos para cima como se Deus achasse o máximo que o adversário tenha levado mais um. O ego é a medida do valor do jogador no mercado, então ele precisa intensificar sua presença depois de marcar. Por isso tudo nos parece falso. É bonito quando o finalizador aponta para quem deu o passe, mas isso nem sempre acontece.
Mas o que eu queria falar? Ah. As noticias disponíveis roçam nos fatos como gaivotas na praia, fazem espuma onde deveria haver cardumes. É comum se referir a outra notícia, a alguma publicação anterior (até mesmo a um Boletim de Ocorrência). Não se segura por si. Precisa citar algo que não pertence a ela. Vamos então no encalço da origem. O portal pega do jornal, que pega de uma publicação estrangeira, que pega de um blog, que pega de um outro portal. Não se chega nunca ao repórter diante da fonte, essência do jornalismo. É a mídia sem fundo. Não há como segurar. Falo no acervo digital, o que está disponível na rede, já que não compro mais impresso, pois é difícil de ter esse tipo de criatura por aqui, algum exemplar de jornal grande. E custa uma fortuna.
(Sempre esqueço que falar em liquidez escassa afasta as pessoas, pois elas tem medo dessa coisa de “pobre”. Estou me lixando. Costuma faltar, apesar da nossa fama de remediado. Numa sociedade sem fundos, que deve R$ 1,8 trilhão, nunguém tem fundos, como notou uma vez, brilhantemente, Virson Holderbaum.)
Bueno, noves fora. Quis saber sobre o jogo e fiquei a ver navios. Se não acompanho ao vivo, sobro. No dia seguinte, sem ter assistido o evento, é difícil saber do que se trata. Ok, tem os especialistas, os jornais que se dedicam só a isso, mas falo da oferta mais próxima, da mídia que deveria atender a demanda e não faz. Vemos, quando perdemos o fato, como é precário o esquema de coberturas. Não fosse um ou outro jornalista mais bem articulado, estaríamos fritos. As redações estão carentes de mão-de-obra especializada no ofício, apesar de existir muito talento e competência, a maioria desperdiçados.
Ou então é só implicância minha. Vai ver estou bravo por descobrir que, se não assisto, o Brasil ganha. Vou desligar a TV em dia de jogo. Quem sabe assim seremos campeões da Copa América. E quem falar em pé frio saiba que “assisti” cinco copas (via rádio ou TV) em que levantamos a taça. Menos a de 1958, claro, pois a final foi bem na hora do Roy Rogers, no Cine Corbacho, em Uruguaiana.
RETORNO - Imagem desta edição: Roy Rogers montado em seu Trigger celebrando mais um gol do Brasil, para deslumbre da mocinha.
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