28 de julho de 2005

O PASSO DA BANDEIRA




(Para Jean Charles Menezes, in memoriam)

Nei Duclós

Essa bandeira omissa amortalha tua presença
Voltas para a origem embalado em nosso ombro
Depositam teu corpo no chão pleno de sonho
Um poema inútil engrossa a fila da denúncia

És a coragem que cruza o mar de bolso vazio
És o medo de cidadãos amordaçados pelo Mal
O Hino é a despedida que cerca a indiferença
Querias o Tempo, mas teu único sal caiu no rio

Não temos como recuar, agora que és lembrança
Por que a ferocidade destruiu o teu exemplo?
Morreste num curral, derrubado de vingança

A covardia é a moeda vil dos que nos compram
Uma estação de flores foi plantada com terror
Olhamos para ti e nosso choro é apenas vento

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