11 de fevereiro de 2003

UMA CARTA SEM DATA

Nei Duclós

Uma carta sem data
nem cidades no alto da página
nem corredor de saudade
sem queixas, declarações, recados
sem relatórios de viagem

Uma carta bilhete, apressada
extensa, cheia de baixos
com poucos momentos
de inspiração aos saltos
como conversa de bar

Uma carta sem dó de nada
onde se joga o futuro
e o passado se salva
Poema presente, com laço
anzol e faca. paulada

(Do livro Outubro, IEL/Ed. A Nação, 1975)

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