2 de junho de 2025

RETORNO

 Nei Duclós 


Não tenho mais o retorno

Não perguntam, nem respondem

Continuam ocupados

Sou tratado como estranho

Celebram, enquanto me excluem

Desse bizarro mercado


Já fiz parte dessa obra

Quando me dava importância

Agora chegou minha vez

De ser cachorro sarnento


Cumprimento para o vazio

Nem mesmo o vento me acena 

E se acaso apareço 

Está vivo, se surpreendem

Num alvoroço de perdas


Nunca fui muito chegado

Recolhido ao próprio canto

Fui alguém quando chamado

Mas nunca fiz muito esforço


Por isso passo ao largo

Fingindo que não me importo

Mas isso dói em silêncio 

De um veterano da guerra


Hoje quem bate na porta

São as lembranças de um tempo

Que não me sai da memória 

Vivi porque Deus permite

Venci porque fui História

Não mereço ter a sorte

Do bem querer que acompanha

Quem é antigo e apanha

Da vida que não dá trégua 


Nei Duclós

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